Ex-funcionário da Cevasa, a quem fornece cana e da qual é sócio, prefeito coloca em prática na administração o que aprendeu na usina
O gabinete do prefeito de Jardinópolis (SP), José Jacomini, ostenta um painel com fotografia que ocupa metade da parede. Feita há um ano e meio, a foto é aérea mostra o desenvolvimento urbano desta cidade do interior paulista. E mostra também um verdadeiro mar verde vizinho, todo ele formado por extensos canaviais.
A fotografia em tamanho gigante revela o grau de desenvolvimento de Jardinópolis e como o setor sucroenergético é importante para a cidade.
“60% da arrecadação de impostos recolhidos estão ligados direta e indiretamente ao setor sucroenergético”, afirma Jacomini. Aos 63 anos, ele está no sexto ano do segundo mandato à frente do Executivo local, tem o semblante de quem ficou muito tempo no sol, reflexo das décadas que investiu e investe no cultivo de cana-de-açúcar.
Jacomini e familiares são considerados grandes fornecedores, com pouco mais de 5 mil hectares de canaviais plantados em Jardinópolis e região. Até meados da década passada, ele integrava a equipe de executivos da Companhia Energética Vale do Sapucaí, a Cevasa, em Patrocínio Paulista (SP), a pouco mais de 50km de Jardinópolis.
O produtor deixou a Cevasa para assumir a prefeitura, mas manteve-se sócio da Canagril, empresa com atuais 15 produtores associados que fornece perto de 60% de toda a cana processada pela unidade de Patrocínio. A Canagril tem 37% do controle da Cevasa – os demais 73% são da americana Cargill. E, como sócio da empresa, Jacomini mantém-se ativo no mercado fornecedor de cana.
Mais do que um fornecedor, Jacomini levou o aprendizado dos canaviais e da Cevasa para a administração de Jardinópolis. Passou a tratar a prefeitura como empresa e, apesar dos percalços econômicos e sociais, ele, com seu jeito direto – típico de administradores -, diz que o caixa da prefeitura está no azul.
Mas como Jacomini consegue ficar no azul em uma cidade dependente do setor sucroenergético, que amarga crise desde 2008? “Com economia e pés no chão”, frisa.
Segundo ele, apesar de a saúde abocanhar mais de 30% do orçamento (estimado neste ano em R$ 108 milhões), as verbas municipais são liberadas, mas com o objetivo de economizar 15%.
Foi com estratégias como esta que Jacomini administra uma cidade que neste janeiro completa um ano desde a desativação da Jardest, usina do grupo francês Biosev (LDC). Pelas contas dele, foram 300 demissões, das quais somente 100 profissionais conseguiram recolocação.
Para dar conta do crescente custo social, bancado por verbas públicas, Jacomini lançou mão de duas iniciativas que buscou na vida profissional. A primeira foi criar ações para atrair empresas para os três distritos empresariais. “Concedemos três anos de isenção de IPTU e de ISS depois de a empresa se instalar”, diz.
Outra iniciativa, em fase de entrar em prática, é a liberação de áreas para a implantação de condomínios residenciais. “Estamos aprovando dois deles perto da entrada, pela rodovia Anhanguera, que deverá atrair profissionais das próprias 30 empresas hoje instaladas nos distritos”, emenda. Outros condomínios estão reservados em áreas no distrito de Jurucê, já nas proximidades da rodovia Cândido Portinari.
Com o avanço imobiliário, Jacomini atrai moradores de outras cidades, como Ribeirão Preto, para acelerar também a economia local. “Mas continuamos uma cidade canavieira”, garante ele. “Perdemos a Jardest, mas temos muitos fornecedores de ponta de produtos químicos, adubos e de tecnologia para o setor.”
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