As seguidas desvalorizações do petróleo também devem ter influência sobre o setor
Ainda que em dose moderada, as perspectivas para os mercados de açúcar e etanol em 2015 são positivas. Pesquisadoras do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, destacam que, para o açúcar, o grande fundamento favorável à recuperação dos preços é a mudança de superávit mundial – que persiste há cinco temporadas – para déficit, no contexto de pequena diminuição da oferta mundial e consumo recorde. Paralelamente, o dólar valorizado em relação ao Real também deve reforçar a vantagem do produto brasileiro.
No segmento de etanol, conforme levantamentos do Cepea, representantes do setor esperam a volta do diálogo com o governo federal e a definição de uma política de longo prazo. De imediato, as apostas principais são na retomada da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e no aumento da mistura de etanol anidro à gasolina. Pesquisadoras ponderam que, ao longo da safra, caso se confirme o aumento da demanda por açúcar brasileiro, usinas podem elevar o mix de matéria-prima favoravelmente a esta commodity, o que fortaleceria também os preços do etanol.
Quanto à produção de cana-de-açúcar em 2015/16, projeções iniciais da Unica apontam que usinas do Centro-Sul deverão processar entre 541,40 a 561,60 milhões de toneladas, o que representaria pequena queda ou estabilidade em relação à safra 2014/15, quando foram moídas 567 milhões de toneladas.
As seguidas desvalorizações do petróleo também devem ter influência sobre os produtos do setor. Tratando do etanol, pesquisadoras do Cepea ponderam que, caso a Petrobras repasse para a gasolina A a redução total ou parcial dos preços havida no mercado internacional, o hidratado perderia competitividade. No entanto, destacam que a possibilidade de haver diminuição dos preços da gasolina A facilitaria a reintrodução da Cide – que vai ao encontro do direcionamento da nova equipe econômica de elevar arrecadação federal. Do ponto de vista dos produtores de etanol, completa a professora Mirian Bacchi, para que tal medida eleve efetivamente a demanda por etanol hidratado, seria preciso que a magnitude da Cide superasse, em termos absolutos, a redução de preço que venha a ser dada à gasolina A. Essa medida precisaria ser administrada, no entanto, de forma a não prejudicar a contenção inflacionária, que também vem sendo enfatizada pelo governo.
No contexto macroeconômico, a professora Heloisa Lee Burnquist observa que petróleo significativamente mais barato favorece o nível de atividade de diversos setores e, por consequência, o consumo, inclusive de produtos que contêm açúcar. Paralelamente, destaca que, caso o óleo diesel no varejo brasileiro chegue a ficar mais barato, isso baixaria também os custos de produção, “o que é muito bem-vindo na situação de aperto atual”, comenta.
Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), na safra mundial 2014/15 (out/14 a set/15), o consumo global de açúcar pode aumentar 2,22%, para 170,996 milhões de toneladas, um recorde. Simultaneamente, a produção mundial pode diminuir 1,46%, limitando-se a 172,458 milhões de toneladas. No mesmo sentido, a OIA (Organização Internacional de Açúcar) reduziu em 64% a estimativa de excedente global de açúcar na temporada 2014/15, para 473 mil toneladas e, para a safra 2015/16, prevê déficit em torno de 2 a 2,5 milhões de toneladas.
Apesar dessas perspectivas, a equipe Cepea destaca que os preços no mercado doméstico brasileiro devem continuar superiores aos de exportação – considerando-se a evolução dos contratos futuros na Bolsa de Nova York, os prêmios de qualidade negociados para o açúcar cristal até dezembro/14 e o Indicador CEPEA/ESALQ. Segundo cálculos do Cepea, desde a segunda quinzena de setembro de 2013, o mercado spot paulista remunera mais que as exportações. Somente entre o final de setembro e início de outubro, as exportações foram mais vantajosas, puxadas pelo aumento das cotações internacionais em maior proporção que o do mercado paulista, diante do dólar valorizado frente ao Real.
No mercado de etanol, o aumento do etanol anidro à gasolina da proporção de 25% para 27,5% e a reintrodução da Cide de modo que amplie a competitividade do hidratado teriam o efeito direto de elevar a demanda por este etanol e, por consequência, aumentar seus preços. Tal aquecimento, explicam pesquisadoras do Cepea, tenderia a requerer a alocação de mais cana-de-açúcar para este combustível, justamente numa safra em que as exportações de açúcar podem avançar.
Outra mudança aguardada por agentes que operam no mercado de etanol é a redução do ICMS cobrado sobre o hidratado em Minas Gerais, de 19% para 14%, que tornaria o biocombustível mais competitivo no estado, que é o terceiro maior produtor de hidratado do País.
Fonte: Midia Max
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