O auditório do Programa de Cana do Instituto Agronômico (IAC-Cana), em Ribeirão Preto, ficou lotado nos dias 3 e 4 de dezembro. Mais de 400 profissionais do setor sucroenergético participaram do 13º. Seminário Produtividade & Redução de Custos na Agroindústria Canavieira, promovido pelo Grupo IDEA.
O evento ofereceu aos participantes não apenas informações econômicas e políticas sobre o setor, permitindo entender a atual conjuntura da cadeia do açúcar e do etanol, como apresentou soluções para a superação da crise, a partir da adoção de tecnologias que garantam maior produtividade e aumentem a competitividade do negócio.
O seminário foi aberto por Dib Nunes Jr, presidente do Grupo IDEA, que demonstrou esperança na nova equipe econômica que passa a conduzir o país a partir de janeiro do próximo ano. Segundo ele, está mais do que na hora de o governo federal valorizar os produtos da cana-de-açúcar, impedindo que novas usinas interrompam as operações ou mais postos de trabalho sejam fechados.
Na sequência, Eduardo José Sai, da SUCDEN, apresentou as Projeções do mercado de açúcar e etanol para 2015. Lembrou que, nos últimos anos, houve um aumento da produção de açúcar na maioria dos países produtores. "Isso se deveu ao período de altos preços do açúcar entre 2010 e 2012, ao fato de as safras concorrentes não terem se mostrado atrativas e as condições meteorológicas favoráveis em 2012/13". Porém, como foi consumido mais açúcar do que se produziu, houve, portanto, uma queda na cotação internacional. "Com isso em mente, a grande pergunta é: o que está por vir?".
Segundo ele, no próximo ano se produzirá mais açúcar do que será consumido.
Os participantes do seminário também tiveram um olhar amplo sobre o setor na palestra de Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar). Ele analisou o resultado da safra 2014/15 e fez projeções para o próximo ciclo. “Até o final de novembro, a quebra da produtividade agrícola em São Paulo era de 12,1%. Mas houve crescimento de produtividade em outros estados, como em Goiás.” De acordo com ele, a Unica aposta em moagem de 561 milhões de toneladas de cana ao final da safra, sendo que toda quebra será em São Paulo.
TECNOLOGIA - O evento também foi marcado por várias soluções tecnológicas voltadas ao aumento da produtividade e da eficiência no campo, que foram apresentadas em palestras como “Atitudes e estratégias para redução de custos”, com Roberto Sako, da Mafes; “Como modificar o ambiente de produção para atingir altas produtividades agrícolas”, com José Luiz Gonzaga, da Hidrosolution; e “Adubação alternativa para reduzir custos e aumentar a produtividade na cana”, apresentada por Herbert Del Petri, do Grupo Noble.
No evento, Marcelo Junqueira, da Syngenta, e Luis Gustavo Teixeira, da Usina São Martinho, destacaram “As vantagens do sistema MPB na redução de custos e no ganho de produtividade”. Paulo Donadoni, da Bayer CropScience, apresentou uma nova ferramenta financeira da Bayer para reduzir os custos agrícolas, denominada “Investimento Certo”. “É uma operação simples e segura que visa proporcionar mais rentabilidade ao produtor.”
No seminário, Kauê Ferreira, da Microgeo, falou sobre uma tecnologia da empresa que faz com que o solo se renove e propicie a maior absorção dos nutrientes pela planta. O Professor Gaspar Henrique Korndorfer, da Universidade Federal de Uberlândia, palestrou no evento sobre “Experiências com o uso de bioestimulantes na cana-de-açúcar”. Na sequência, Edivaldo Panini, da Arysta LifeScience, falou sobre “Efeitos de Biozyme em cana-de-açúcar”. Já Chrys Sercilogo, da FMC, apresentou para o público o Fertis, um novo conceito da FMC no alcance de novas produtividades. O produto tem condições de explorar “o potencial genético das culturas e otimizar o uso de nutrientes pelas plantas".
Uma das palestras mais esperadas pelo público foi proferida pelo professor da FEA/USP, Marcos Fava Neves. Ele falou sobre “A retomada do setor sucroenergético”, destacando problemas da atividade que precisam ser solucionados para que se viabilize a recuperação, como baixa rentabilidade, falta de incentivo e aumento dos custos de produção.
Marcos Francóia, da MBF Consultoria, sugeriu “Ações para reequilibrar a situação das usinas”. Para ele, o primeiro passo é parar de lamentar e começar a ouvir os questionamentos do mercado financeiro. "O que precisamos é mudar o formato de gestão das empresas. Uma gestão planejada faz a diferença".
Os participantes do primeiro dia do seminário também puderam ouvir um pouco da prática de um produtor de cana visto como exemplo para o Centro-Sul: Victor Campanelli, da Agro-pastoril Campanelli Agropecuária. “Nossa primeira base de sobrevivência é através do investimento no canavial. A segunda é pela sinergia", sublinhou o fornecedor de cana.
O FUTURO DO SETOR - O segundo dia do seminário foi aberto com a palestra “Estratégias para liderança em custos”, feita por Rodrigo de Ávila Mariano, do Grupo Clealco. Segundo ele, umas das medidas tomadas na empresa é o custo padrão de veículos, a fim de identificar quais estão tendo custos elevados. "Realizamos, também, uma microgestão das fazendas, para saber quais delas são menos produtivas e os motivos disso".
A última palestra do seminário foi “Teor de Sacarose: pequenos ganhos, grandes resultados”, proferida por Dib Nunes Jr. Ele destacou vários fatores que causam perda de sacarose, como manejo das variedades, e efeitos da idade e do ambiente de produção. Para ele, o produtor que deseja aumentar seus teores de sacarose deve utilizar os maturadores, que estão no mercado para auxiliar o setor.
O evento foi encerrado com um debate sobre “O futuro do setor canavieiro”, com a participação de Luíz Antônio Borges, do Grupo Renuka Brasil, Luiz Carlos Dalben, da Agrícola Rio Claro, Rogério Soares, da Bunge, e Marcos Landell, pesquisador do IAC.
Para garantir o melhor futuro possível, "temos que voltar a fazer a coisa bem feita, ou seja, a boa fitotecnia, que começa logo no plantio. Eu acho que, se for reduzir tecnologia, que reduza nos canaviais de baixa população e não nos de alta", opinou Landell. "Recurso para investimento está baixo, temos que investir aonde sabemos que vai dar resultado. Além disso, todo o recurso que sobrar tem que ser usado no canavial, visando a verticalização", afirmou Soares.
Para Borges, um dos grandes erros que o setor tem que corrigir é a falta de um plano diretor na expansão das usinas. “Precisamos crescer com planejamento."
"Com o crescimento desenfreado do setor, as tecnologias foram deixadas de lado, o que elevou os custos. Além disso, acabamos comprando cana na portaria das outras usinas", frisou Dalben. “O grande erro foi não definir um foco de atuação", concluiu Soares.
Fonte: CanaOnline
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