Os principais reservatórios de água para geração de energia elétrica no país se esvaziaram em novembro, primeiro mês do período chuvoso.
O comportamento esperado era o oposto: que estivessem se enchendo para, em abril de 2015, com o fim das chuvas, terem reservas suficientes para garantir energia e água durante os meses secos (de maio a outubro).
O fato é que choveu menos que o esperado nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, onde estão concentrados os principais reservatórios do país. Em algumas dessas áreas nunca choveu tão pouco para um mês de novembro em quase um século.
Para comparação, em novembro de 2000 choveu 8% acima da média do mês, segundo dados do ONS. Ainda assim, ao fim daquele período chuvoso, o país teve que decretar um racionamento.
Já no mês passado, choveu 31% abaixo da média para o mês. Apesar da situação pior, o país hoje depende menos de geração hidrelétrica.
O reservatório de Furnas (MG), o principal do país para abastecimento elétrico, ao fim do mês passado registrou 11,64% do seu volume útil, dois pontos percentuais abaixo de outubro.
Na região Sudeste, choveu 68% da média de oito décadas dos meses de novembro. Em alguns sistemas, como o da Cantareira (SP), a quantidade de água que entrou nas usinas foi 50% abaixo do pior ano já registrado, segundo a ANA (agência reguladora).
A consequência da estiagem prolongada é que a quantidade de água nos reservatórios dessas regiões é hoje a mais baixa desde a crise elétrica de 2001.
Pelos dados oficiais do ONS, ao fim de novembro, no Sudeste os reservatórios estavam (em volume de água acumulada) com apenas 16% do total de energia que as usinas podem gerar na região. No ano do apagão, esse valor era de 22% no mesmo mês.
"Sem dúvida nenhuma o próximo ano será muito difícil. Não estamos falando nem em racionamento, mas em custos. As térmicas terão de continuar ligadas o ano todo", disse o presidente-executivo da Abrace (associação de grandes consumidores), Paulo Pedrosa.
As principais usinas térmicas do país, que vem segurando o fornecimento de energia, queimam óleo combustível ou carvão. Por isso são mais caras e poluentes. Esse aumento de preço afeta os contratos de energia para indústria, comércio e residências.
De acordo com Bernardo Bezerra, gerente da consultoria em energia PSR, há uma grande expectativa sobre as chuvas de janeiro a abril, responsáveis por 51% de toda a água que chega aos reservatórios no ano.
"Há uma esperança de que o quadro possa se reverter. A questão é que estamos entrando neste período úmido com os níveis mais baixos da história."
Fonte: Folha de S. Paulo
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