A indústria sucroalcooleira de Minas Gerais acumula uma dívida em torno de R$ 5,5 bilhões, valor equivalente a um ano de faturamento, segundo a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig). Oito das 46 usinas instaladas em território mineiro fecharam as portas nas últimas cinco safras e cinco das 38 que operam já encerraram as atividades de moagem, porque a safra foi mais curta em função do longo período de estiagem.
As dívidas das usinas, como explica o presidente da SIAMIG, Mário Campos, são resultado dos investimentos feitos em ampliação da produção e em novas unidades entre 2005 e 2010, quando o consumo de etanol no mercado interno foi impulsionado pelas vendas de carros flex, que funcionam a etanol ou gasolina. Neste mesmo período, o processamento de cana-de-açúcar no Estado saltou de 15 milhões de toneladas por ano para 60 milhões de toneladas anuais.
No entanto, a política federal de manutenção dos preços dos combustíveis derivados de petróleo, em especial da gasolina, derrubou o consumo do etanol hidratado no Estado e deixou as usinas sem condições de pagar as dívidas feitas para aumentar a produção. "Isso prejudicou a indústria sucroalcooleira.
Não temos condições de competir com a gasolina nesta situação", destaca. Só para se ter uma ideia, em 2009, para cada 100 litros de gasolina vendidos nos postos de combustíveis do Estado, eram comercializados 40 litros de etanol. Hoje, a relação caiu drasticamente. Para cada 100 litros de gasolina comercializados, apenas 15 litros de etanol saem das bombas.
Apesar do endividamento e do fechamento de usinas, as que estão em funcionamento operam praticamente a plena carga, em uma tentativa de compensar a perda de competitividade, de vendas e de lucratividade, com maior volume. Em Minas, o setor produz atualmente 1,5 bilhão de litros de etanol hidratado por ano contra um consumo de 750 milhões de litros anuais, a metade.
A alternativa encontrada pelos produtores foi vender o combustível em outras praças, como São Paulo, pagando custos adicionais de transporte e perdendo ainda mais lucratividade sob risco de também não perder produção ou vendas. Mas a situação é ainda pior porque enquanto em Minas a alíquota do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre o etanol hidratado é de 19%, em São Paulo é 12%.
A solução para reverter o quadro no Estado, na avaliação de Campos, passa basicamente pela redução da alíquota do ICMS sobre etanol hidratado. "Esse ICMS de 19% é insuficiente para dar competitividade ao etanol. Fizemos um trabalho junto ao governo atual e ao governador eleito para mostrar que o Estado precisa fazer algo para ter competitividade", afirma.
Nesse sentido, Campos lembra que já existe um projeto de lei (PL) em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o PL 5494, que reduz a alíquota do ICMS do etanol de 19% para 14%. "Com isso, nossa expectativa é que o etanol volte a ser competitivo e a produção possa ser comercializada dentro de Minas", ressalta. "Acredito que o governo atual e o próximo serão sensíveis ao assunto e teremos um 2015 melhor", acrescenta.
Fonte: Jornal Diário do Comércio
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