ONS prevê que, no fim de outubro, patamar do subsistema Sudeste chegue a 19,9%; em 2001, 'recorde' foi de 21,3%
A mais recente projeção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para o volume de chuvas neste mês sugere que o nível dos reservatórios no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o mais importante do País, estará ainda mais baixo do que aquele registrado em 2001, ano do racionamento.
Em outubro daquele ano, já em meio à restrição da oferta de energia, os reservatórios chegaram ao fim do mês com 21,3% da capacidade, de acordo com levantamento elaborado pela Comerc Energia. Agora, o ONS revelou que os reservatórios da região podem atingir 19,9% da capacidade no dia 31 de outubro.
O número é divulgado semanalmente pelo ONS, portanto, pode passar por revisões até o fim do mês. De acordo com o levantamento da Comerc, desde 2000 o porcentual não ultrapassava a "barreira psicológica" dos 20%. Nesse período, o pior número já registrado foi o de setembro de 2001, quando o armazenamento dos reservatórios chegou a 20,61% da capacidade.
"Precisamos de um período de chuvas melhor neste ano, caso contrário o nível dos reservatórios tende a cair mais rápido nos próximos meses", alerta o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos. O volume de chuvas tende a aumentar em novembro e alcançar o patamar mais significativo do ano entre os meses de dezembro e março.
A preocupação é que, com a proximidade do verão, o consumo de energia aumenta. Além disso, o chamado período chuvoso coincide com o momento de menor geração por parte dos projetos de biomassa e de usinas eólicas. "Temos uma perda de aproximadamente 5 mil MW médios de geração (eólica e por biomassa) e o acréscimo de 5 mil MW médios de consumo", dimensiona o especialista.
Essa diferença é compensada historicamente por um maior volume de energia gerada em projetos hidrelétricos. O problema é que, para recuperar o nível dos reservatórios, o ONS precisaria limitar a atividade das hidrelétricas no momento de maior demanda.
Os reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste correspondem a 70% da capacidade de armazenamento do País. A segunda região mais importante é a Nordeste, com aproximadamente 12% da capacidade. Para esse mercado, o ONS projeta armazenamento de 15,1% ao fim de outubro, quase o dobro do nível de 8,4% visto em outubro de 2001.
Previsões. O Plano de Operação Energética 2014/1018, documento obtido pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, sinaliza que o nível dos reservatórios na região Sudeste/Centro-Oeste pode chegar a 30% no fim de novembro caso a energia natural afluente (ENA) fique em 95% da média de longo termo (MLT) entre setembro e novembro. Na eventualidade de a taxa ficar em 84% da MLT, os reservatórios alcançariam 20,4%, enquanto que uma taxa de 113% da MLT elevaria o nível dos reservatórios para 43% da capacidade.
As estimativas do ONS indicam que somente um volume mais relevante de chuvas no período úmido entre o fim deste ano e o início de 2015 pode livrar o Brasil de adotar algum tipo de limitação no fornecimento de energia. "Se o governo não tiver como atender pela ponta da oferta, precisará ser feito algum ajuste pela demanda", analisa Vlavianos.
Na visão do especialista, o governo deveria ter adotado medidas de incentivo à redução do consumo desde o início do ano, quando o volume das chuvas já se mostrava abaixo da média histórica. "Não podemos contar que a chuva virá, por isso precisamos ter outros mecanismos. Antes de criar uma situação obrigatória (de redução de consumo), poderia ter sido criada uma situação voluntária", diz Vlavianos. "Antes de o governo decidir despachar térmicas com custo de R$ 1.000/MWh, era possível dar um prêmio para quem reduzisse o consumo."
Fonte: O Estado de S. Paulo
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