A primeira usina de etanol de segunda geração do Brasil começou a operar há cerca de dez dias em Alagoas. Feito a partir da palha e do bagaço da cana, esse etano lainda tem custo superior ao tradicional, mas a Granbio, dona do projeto, espera torná-lo 20% mais barato do que o álcool de primeira geração quando a usina estiver em plena capacidade.
No início de 2015, a unidade estará operando com 70% da carga total, segundo Bernardo Gradin, presidente da Granbio. Em plena capacidade, serão produzidos 82 milhões de litros de etanol celulósico por ano, volume que poderá ser ampliado para 100 milhões de litros anuais.
Num primeiro momento, a produção será totalmente voltada ao mercado interno. "Não esperamos exportar nos primeiros quatro a seis meses de produção por uma questão de volume", disse Gradin. Os embarques devem ser feitos com pelo menos 10 bilhões de litros. Por isso, a empresa precisa de escala. O presidente da Granbio prevê que seja possível realizar as primeiras exportações no segundo trimestre de 2015.
"A nossa ideia é destinar 50% para o mercado interno e 50% à exportação. Mas isso vai depender das condições de mercado", afirmou.
O principal alvo no exterior é a Califórnia, onde o etanol de segunda geração da empresa é considerado o mais limpo do mundo em escala comercial e, portanto, deve receber um prêmio por isso.
O cálculo, feito pelo Air Resources Board, considera as emissões de CO2 desde a coleta da matéria-prima, passando pelos insumos e consumo de energia, até o transporte e distribuição em porto da Califórnia.
Hoje, além da Granbio, o etanol de segunda geração é produzido em escala comercial apenas nos Estados Unidos e na Itália. A tecnologia utilizada pela Granbio veio da Itália, por meio de uma parceria com o grupo Mossi&Ghisolfi, dono do projeto italiano.
Solução
Apesar da deterioração da crise no setor de etanol, Gradin reafirmou nesta quarta-feira (24) o plano de construir uma nova unidade por ano nos próximos dez anos, elevando a produção total de etanol celulósico para 1 bilhão de litros até 2022.
Para ele, a segunda geração pode ajudar as usinas da primeira geração a sair da crise, ao ampliar o uso da matéria-prima também para a palha, aumentando o rendimento de todo o processo.
"Esse volume de biomassa que fica no campo pode virar receita, que hoje não é considerada", afirmou Gradin. Segundo ele, o Brasil tem potencial de aumentar em 50% a produção de etanol apenas com uso da palha e do bagaço da cana, sem a necessidade de ampliação de canaviais.
As novas usinas que estão no plano de expansão da Granbio serão construídas em parceria com empresas que já produzem etanol de primeira geração ou com investidores financeiros. Segundo Gradin, a segunda planta de etanol celulósico deve entrar em operação em 2016.
O investimento total nas dez usinas de segunda geração que a Granbio planeja erguer estão estimados em R$ 4 bilhões, mas Gradin diz que esse valor pode ser menor à medida que amplie os seus conhecimentos sobre a produção e que a cadeia de fornecedores se desenvolva.
Imprevistos
Com início da produção previsto para o primeiro trimestre deste ano, a primeira usina da Granbio começa a operar com atraso. Os investimentos na unidade também foram 35% maiores do que o previsto inicialmente, devido a uma série de ajustes que foram necessários durante a construção e a uma produtividade menor do que a esperada nas obras.
"Mas isso é natural em um projeto inovador", disse. O atraso, segundo Gradin, também ocorreu devido a um longo período de chuvas em Alagoas, que atrasou a construção em cerca de quatro meses.
Os investimentos na unidade de produção de etanol de segunda geração totalizaram US$ 190 milhões. Outros US$ 75 milhões foram destinados à estrutura para cogeração deenergia elétrica -a usina será exportadora de energia.
A empresa contou com financiamento de R$ 300 milhões do BNDES para erguer o projeto. A BNDESPar (empresa de participações do banco) é acionista da Granbio e deve investir R$ 600 milhões na empresa.
Fonte: Folha Online
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