A colheita da cana terminou mais cedo este ano em Itapetininga (SP). A estiagem reduziu a produção e fez muitos trabalhadores perderem o emprego. Foram mais de 700 demissões do ramo no município. Transtornos também para os donos de terras que arrendaram área para as usinas. Eles querem cancelar os contratos por falta de pagamento.
A colheita que geralmente vai até dezembro terminou três meses antes este ano. O motivo é a estiagem atípica que se prolonga do início do ano até agora. As áreas que antes tinham cana de açúcar agora estão cobertas pela palha seca. O tempo seco provocou uma grande queda na produção, o que teria levado a muitas demissões no setor.
Uma ex-funcionária de uma usina de cana-de-açúcar Vista Alegre afirma que não esperava ser demitida. Ela, que trabalhava há dois anos no local, está entre as centenas de demitidos da empresa. “A gente chegou para trabalhar em um dia normal e fomos barrados na portaria, dizendo que era para ir direto no RH. Eu realmente não esperava que fosse sair assim”, afirma.
A usina demitiu metade dos funcionários. Segundo a empresa, a estiagem causou uma redução de 40% na produção. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única), as lavouras paulistas são responsáveis por 60% do que é produzido em todo o país e a diminuição no rendimento deve chegar a 16%.
Mas a estiagem foi apenas o estopim de uma crise que vem se instalando no setor sucroalcooleiro há pelo menos dois anos, segundo representantes das indústrias. O endividamento dos usineiros e a perda de competitividade do etanol diante da gasolina também contribuíram para agravar os problemas.
Em todo o estado de São Paulo, aproximadamente 5 mil trabalhadores foram demitidos entre 2012 e 2014, de acordo com a cooperativa que representa a categoria. E não são só os funcionários que são prejudicados. Em Guareí (SP), os produtores que arrendaram áreas para a usina para produzir cana de açúcar também sentem o reflexo da crise. É o caso do produtor rural Antônio Geraldo de Barros. “Vou ter que entrar com advogado para desfazer o contrato. Porque não é justo, dependemos do terreno, nossa renda é essa, e os ‘caras’ deixam a gente na mão”, lamenta.
Para piorar a situação, por questões estabelecidas em contrato, enquanto a usina não fizer o pagamento, os produtores não podem usar a terra. O produtor rural Domingos Vieira dos Prazeres arrendou um terreno de 20 hectares. E está há um ano está sem receber da empresa. "Venceu a duplicata de seis meses, eles não pagaram e está mais seis meses de mensalidade atrasada. Eu preciso do dinheiro, minha renda é só essa”, conta.
A usina Vista Alegre ainda não apresentou uma proposta de pagamento de verba rescisória para os funcionários demitidos. A informação é do sindicato que representa os trabalhadores da empresa. Uma nova reunião para discutir o assunto está marcada para esta terça-feira (16) no Ministério do Trabalho de Itapetininga.
Fonte: Portal G!
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