Falta de chuvas no início do plantio prejudicou produtores rurais. Perspectivas menores fizeram empresas estenderem colheita.
A falta de chuvas no início do plantio da cana-de-açúcar e a grande precipitação no período de colheita podem ser considerados os grandes problemas de produtores rurais de Presidente Prudente e região que trabalham com esta cultura. De acordo com usinas instaladas no Oeste Paulista, a expectativa de moagem, que é o trabalho com a matéria-prima para a obtenção de açúcar ou álcool, já registra quedas de até 20%, em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar de problemas por conta da política financeira e fiscal do país, conforme explica a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Bioenergia e Tecnologia Sucroalcooleira (Centec), Angela Madalena Marchiselli Godinho, o clima foi o principal fator a influenciar a safra deste ano.
“Os fatores climáticos não colaboraram com a produção deste o final de 2013. No período do plantio, entre outubro e março, era necessário um tempo mais chuvoso para ocasionar uma terra mais úmida, o que não aconteceu. Já nos últimos meses, quando deveria ser realizada a colheita, começaram as chuvas, dificultando o trabalho. No início de junho, chegou a faltar álcool no mercado por conta disso”, afirma a representante do grupo, que pertence à Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).
Ainda de acordo com a pesquisadora, a falta de umidade no ar fez com que muitos incêndios criminosos se alastrassem com facilidade em diversas propriedades rurais, o que influenciou o resultado final esperado pelos agricultores. Ainda prejudica o produtor, segundo ela, o fato das terras não poderem ser utilizadas para outras culturas. “Elas estão arrendadas pelas usinas, então acabam ficando paradas”, explica Godinho.
Em uma usina de Presidente Prudente, a previsão é de que passem pela moagem 1.600.000 toneladas até o final de 2014. No mesmo período do ano passado, foram 1.877.464 toneladas, uma expectativa de queda de, aproximadamente, 8%. A previsão é de que a safra termine de ser colhida em novembro.
A empresa acredita que os preços finais das mercadorias devem ser influenciados pelos problemas que atingiram o setor rural. “Não é possível prever, mas caso o clima continue desfavorável e haja o aumento do preço da gasolina, preconizado pelo governo federal, provavelmente suba o valor de todos os combustíveis”, informa, por meio da assessoria de imprensa.
Em Lúcelia, uma outra usina apresenta perspectivas mais negativas. “Esperamos uma redução de 15% a 20%. No início do ano, acreditávamos em uma moagem de 1.600.000 toneladas. Agora, este número deve ficar em torno de 1.300.000 toneladas. O clima nos prejudicou muito”, afirma o supervisor do setor agrário da empresa, José Roberto Monteiro.
Por conta da preocupação com os preços, a usina optou por produzir mais álcool, já que a expectativa é que este derivado seja mais valorizado que o açúcar. “Prorrogamos a moagem até o dia 20 de novembro, tentando alcançar uma produção maior”, declara.
Presidente Prudente e região seguem uma tendência federal. Segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), a previsão de safra foi revisada e indica que uma moagem de 545,89 milhões de toneladas em todo o país, queda de 5,88% em relação à estimativa inicial e redução de 8,57% sobre o valor final da safra 2013/2014, ou seja, 597,06 milhões de toneladas.
Em São Paulo, Estado que respondeu por mais de 61% da oferta de cana-de-açúcar na safra passada, este declínio esperado para a moagem é ainda maior. Ele chega a 11,71%: 367,45 milhões de toneladas processadas na safra 2013/2014, ante 324,43 milhões de toneladas previstas para a atual, conforme o mesmo órgão.
Os derivados da cana-de-açúcar também foram pesquisados pela Unica. A nova estimativa aponta para uma produção de açúcar de 31,35 milhões de toneladas, queda de 3,52% comparada à primeira previsão divulgada em abril, que era de 32,50 milhões de toneladas; e recuo de 8,57% em relação as 34,29 milhões de toneladas produzidas na safra 2013/2014.
Já o etanol, por sua vez, deverá atingir 24 bilhões de litros, redução de 7,23% relativamente à projeção inicial e de 6,14% sobre os 25,58 bilhões de litros fabricados na safra passada.
Fonte: Portal G1
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