Agência de classificação de riscos relacionou o rebaixamento principalmente às condições operacionais e econômicas consideradas negativas para a empresa
A agência de classificação de riscos Standard & Poor's anunciou o rebaixamento da perspectiva dos ratings da USJ Açúcar e Álcool S/A de 'estável' para 'negativa', mas ainda manteve as notas BB-, na escala global, e brA, na escala nacional, para a companhia sucroenergética. A S&P relacionou o rebaixamento da perspectiva principalmente às condições operacionais e econômicas consideradas negativas para a empresa.
'A perspectiva negativa reflete a possibilidade de rebaixamento nos ratings caso as condições desfavoráveis da indústria impeçam a empresa de melhorar sua eficiência operacional e geração de fluxo de caixa, prejudicando a redução da dívida no curto prazo', informou a S&P em comunicado.
Essas perspectivas negativas, de acordo com a S&P, podem 'resultar em métricas de alavancagem mais altas do que aquelas que esperamos para um perfil de risco financeiro 'agressivo', tais como dívida sobre o Ebitda acima de 5 vezes e geração interna de caixa (FFO, em inglês) sobre a dívida inferior a 12%', informou. A agência considera que os preços do açúcar ainda estão baixos, as pressões da inflação e a rentabilidade para o etanol continuam ruins, bem como haverá um impacto da seca no Centro-Sul do Brasil na produtividade, moagem e produção. Esses fatores devem prejudicar a redução da dívida da empresa no curto prazo.
Na safra de 2013/2014, encerrada em 31 de março de 2014, 'os fluxos de caixa da USJ enfraqueceram-se' por conta dos preços baixos do açúcar em torno de 17 centavos de dólar por libra-peso pela safra mais longa, após os volumes de chuva registrados em junho e julho de 2013. 'Esses fatores elevaram os custos e levaram a USJ a comprar cana de terceiros para continuar moendo, o que reduziu sua margem de Ebitda no exercício fiscal de 2014 para 37,1%, versus 40,3% no de 2013'.
Mesmo com os impactos sofridos nas duas últimas safras, a S&P considera o perfil de risco de negócios da USJ como 'regular' e cita como fatores positivos a produtividade historicamente alta da empresa, a alta eficiência operacional, a alta porcentagem de terras e cana próprias, a diversificação de produtos e a localização estratégica, em Araras (SP), no interior de São Paulo, para atender seus principais clientes. Esses fatores geram margens de Ebitda mais altas que os concorrentes.
'Além disso, a parceria da empresa com a Cargill na joint venture SJC Bioenergia aumenta a diversificação da USJ e pode resultar em pagamentos de dividendos no médio a longo prazo', informou. No entanto, os fatores positivos podem ser 'mitigados', segundo a S&P, pela pequena escala da USJ e pelos fatores de risco 'incontroláveis', como condições climáticas, exposição aos preços globais do açúcar e o descasamento em moeda estrangeira. 'Grande parte de sua dívida é denominada em dólares, e a maior parte das vendas da USJ se concentra no Brasil, embora as vendas sejam parcialmente correlacionadas aos preços do açúcar, os quais são globais e denominados em dólares'.
A S&P considera o perfil de risco financeiro da empresa como 'agressivo', cita que a dívida da USJ aumentou na última safra por conta de investimentos ainda altos para renovar e expandir canaviais e aumentar as compras extraordinárias de cana de terceiros para elevar a capacidade de utilização da usina. 'Fator compensador é a manutenção da USJ de uma posição de caixa sólida para cumprir seus vencimentos de curto prazo e uma parte significativa de seu capex, graças aos recursos da venda de suas terras não estratégicas', informou. 'No entanto, a geração de fluxo de caixa operacional ainda fraca e o capex mais alto do que a média resultaram em geração de fluxo de caixa livre negativa nas duas últimas safras'.
A agência espera que os preços do açúcar conservadores, o impacto da seca nos volumes de moagem e a redução no volume de investimentos façam com que a USJ registre fluxo de caixa operacional livre (FOCF, em inglês) negativo de aproximadamente R$ 20 milhões na safra atual. Isso exigirá, segundo a S&P, que a USJ refinancie parte de sua dívida de curto prazo para elevar sua posição de caixa.
'Além disso, as incertezas sobre os preços do açúcar e etanol, disponibilidade de cana para moagem e a capacidade de a USJ melhorar sua rentabilidade e geração de fluxo de caixa podem aumentar sua dependência de necessidades de refinanciamento, fatores estes que impedirão a empresa de amortizar sua dívida, podendo levar a uma reavaliação de seu perfil de risco financeiro', concluiu.
Fonte: Agência Estado
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