Dados colhidos pelo Grupo de Estudos do Setor Sucroenergético, da FEA-RP/USP, revelam algumas das consequências assombrosas da crise da cadeia produtiva canavieira, segundo declarou o prof. Luciano Nakabashi em entrevista ao TV BrasilAgro.
A brutal queda na produção de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo (na safra 2008/9 o crescimento chegou a 16,08%, contra atuais 4,25%) e especificamente na macro região de Ribeirão Preto (na safra 2008/9 o crescimento chegou a 8,23%, contra atuais 1,17%).
O prof. Luciano Nakabashi lembra que o Estado de São Paulo lidera a produção de cana do País enquanto que Ribeirão Preto, tradicionalmente, é a maior centro produtor de cana, açúcar, etanol e bioeletricidade do Brasil.
Os dados de produção de cana incluem áreas novas e também de renovação. Na entrevista ao TV BrasilAgro, o professor Nakabashi aponta duas razões principais para a crise: os fatores externos com a crise internacional que já provocou a queda de 35% nos preços do açúcar e os internos com a política equivocada e predatória imposta nos preços dos combustíveis subsidiados através da Petrobras.
Ele também reconhece que a falta de sinergia entre os elos da cadeia produtiva prejudicam ações que possam criar novo ambiente favorável à retomada dos investimentos na cadeia produtiva canavieira. E afirma acreditar que apenas as empresas que focarem inovação e redução de custos sobreviverão.
Esta falta de sinergia, onde os empresários teimam em ignorar a força e o peso político dos trabalhadores, tem sido apontada como razão principal pela ineficiência das “Frentes Parlamentares” criadas no segundo semestre do ano passado.
Os trabalhadores, através dos sindicatos que os representam na cadeia produtiva canavieira, reclamam da soberba e a falta de comprometimento dos empresários, tanto nas usinas quanto na indústria de base.
Com efeito, na crise de 1999, provocada pela inação governamental do então governo FHC, do PSDB, foram justamente os trabalhadores que souberam sensibilizar a opinião pública e exigiram mudanças que acabaram criando o ciclo virtuoso que chegou ao fim em 2007.
Os sindicalistas tentaram nos últimos meses, várias vezes, abrir um canal de interlocução com os empresários, que rechaçaram todas as iniciativas. Eles lembram que a boa interlocução entre as montadoras (Anfavea) e os sindicatos dos metalúrgicos do ABC são a melhor demonstração de articulação inteligente e eficiente em favor do capital e do trabalho.
Será que teremos que ver ampliado o número de usinas e indústrias de bens de capital encerrando suas atividades para que os empresários cedam e iniciem um diálogo que possa evitar a extinção de postos de trabalho?
Não é possível que a insensibilidade e a irresponsabilidade de nossas lideranças ampliem o quadro caótico que está instalado e que atinge, fortemente, todas as regiões produtoras de cana do País (Ronaldo Knack é Jornalista e bacharel em Administração de Empresas e Direito. É também fundador e presidente do BrasilAgro; ronaldo@brasilagro.com.br).
Fonte: Brasilagro
16 3626-0029 / 98185-4639 / contato@assovale.com.br
Criação de sites GS3