Foram dois anos de sucessivas más notícias, mas em 2013 surgiram sinais de que o setor de etanol ensaia uma retomada do seu potencial inegável, mesmo após o solavanco imposto pela crise internacional e por políticas equivocadas.
No ano passado, a produção do setor alcooleiro cresceu 18%. Retornou aos níveis dos picos de 2008 e 2010, acima dos 27 bilhões de litros. Assim, o Brasil reafirma-se como segundo maior produtor mundial. Só perde para os Estados Unidos, com 50 bilhões de litros, registra em relatório a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do governo federal.
Vários foram os fatores que contribuíram para esse impulso de recuperação. A melhor novidade é que o Planalto parece enfim ter despertado para a necessidade de apoiar a área combalida: liberou mais recursos do BNDES, elevou de 20% a 25% a mistura de álcool anidro na gasolina e desonerou o etanol das contribuições PIS e Cofins.
Foram favoráveis, ainda, o aumento de 7,7% na produtividade e o baixo preço internacional do açúcar, que estimulou a destinação de parcela maior da cana colhida para a fabricação de álcool.
Retomou-se, finalmente, a reforma dos canaviais, abandonada nos últimos anos. Parece ter sido decisivo para isso o Programa de Apoio à Renovação e Implantação de Novos Canaviais, que atendeu demanda de R$ 2,65 bilhões em 2013, quase o dobro de 2012.
Com a produção maior e mais estável de etanol e um recuo na importação de gasolina, o preço do biocombustível de cana recuou para 68% do da gasolina, na média de 2013. Tornou-se, assim, de novo atrativo para o consumidor, que reagiu: a participação do etanol avançou de 33% para 38% do consumo total para veículos leves.
Tal resposta rápida só é possível porque a base de automóveis flex continua a expandir-se no país. Estes já representam 88,5% das unidades novas e 59% da frota nacional de 35 milhões de veículos leves.
Seria imprudente, porém, concluir que tudo vai bem com o etanol. Por ora, a recomposição dos canaviais e o aproveitamento da capacidade ociosa permitem suprir o incremento na demanda, mas logo se apresentarão as limitações geradas pelo desinvestimento. Havia 440 usinas operando em 2010; em 2013, esse número caíra para 388.
O maior desafio ainda se encontra à frente do setor: organizar-se, internacionalizar-se e capitalizar-se o suficiente para voltar a construir usinas. A maior ajuda que o governo poderia dar seria reverter a política que mantém artificialmente baixos os preços da gasolina
Fonte: Folha de S. Paulo
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