Setores da agropecuária pernambucana estão insatisfeitos com portarias do governo federal que autorizam importações de produtos fabricados no Estado, a exemplo do leite e do etanol, provocando redução do valor dos produtos locais e concorrência desleal. A queixa é dos representantes dos produtores de leite (Sinproleite) e de cana (AFCP, Sindicape e Sindaçúcar).
No início da semana, o Sinproleite - Sindicato dos Produtores de Leite de Pernambuco procurou o Ministro da Agricultura, Neri Gelle, para solicitar a revogação do decreto federal de 2013, que autoriza a importação de leite em pó. A importação tem elevado a oferta do produto no mercado de laticínios local, gerando a redução do valor do leite dos produtores locais na ordem de até 40%, inviabilizando a cadeia produtiva. O mesmo está acontecido com outra área produtiva do campo: o setor sucroenergético, gerando efeitos iguais. Desde o início do ano, o etanol à base de milho tem sido importado para a região Nordeste, em plena moagem, depois da autorização do governo. A informação é da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP). O órgão da classe canavieira junto com os sindicatos dos Cultivadores de Cana (Sindicape) e das Indústrias do Álcool e Açúcar (Sindaçúcar) já buscaram a Agência Nacional do Petróleo, para rever a autorização, mas não obteve êxito até o momento. No período de quatro meses (janeiro a abril), o Nordeste já recebeu 250 mil metros/cúbicos de etanol anidro. O montante correspondente a aproximadamente oito meses de consumo do produto em Pernambuco (30 mil m³ por mês).
“A importação de etanol de milho vem trazendo graves problemas para o produtor de cana e usinas, com a redução do preço da matéria-prima do etanol brasileiro, que é feito à base de cana-de-açúcar – tradicionalmente produzido no Brasil, e com melhor qualidade que o produto estrangeiro”, critica o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima. De acordo com o Cepea/ESAQ, o valor do anidro na formação do preço da matéria-prima paga aos produtores nordestinos, já caiu 12% em apenas um mês. Com a redução, o produtor está na prática, pagando para trabalhar, haja vista que o custo de produção da tonelada da cana é de R$ 87, mas estão recebendo R$ 67,21 – um déficit de R$ 20 a cada tonelada produzida. “Portanto, o álcool importado está prejudicando 25 mil canavieiros no NE, sendo 13 mil pernambucanos”, reclama Lima, que também é presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida).
O prejuízo também se estande para as usinas sucroalcooleiras da região. A maior oferta do etanol anidro em função do combustível importado, tem rebaixado o preço do etanol regional, comprado pelas distribuidoras. De abril para maio, o anidro vendido pelas usinas às distribuidoras caiu R$ 0,22 por litro. Recuou de R$ 1,85 para R$ 1,63. “No entanto, essa redução não chega para o consumidor, que continua pagando pelo mesmo valor”, lembra Lima. O dirigente pontua que a importação só é rentável para as distribuidoras, que pagam menos pelo etanol anidro produzido no local, prejudicando significativamente a cadeia produtiva sucroenergética, sem benefício algum para o consumidor nos postos de combustíveis. Cerca de 80% da comercialização do anidro às distribuidoras em Pernambuco, estão centrados em duas empresas: Petrobras (60%) e Cosan (18%). “Tal concentração aumenta o poder dessas empresas em definir o preço do combustível produzido nas usinas da região, que tem sido drasticamente reduzido pela importação do etanol anidro, autorizado pelo governo”, diz o presidente da Unida e da AFCP.
Fonte: Assessoria de Imprensa da AFCP
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