A moagem de cana-de-açúcar pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do País atingiu 38,79 milhões de toneladas na primeira quinzena de maio de 2014, valor superior ao verificado na segunda metade de abril (23,93 milhões de toneladas), mas 4,03% menor do que o observado na mesma quinzena da safra 2013/2014 (40,42 milhões de toneladas).
No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 15 de maio, a situação se repete: os números registrados neste ano indicam uma menor quantidade de cana-de-açúcar processada no comparativo com 2013. Com efeito, o volume moído até a referida data alcançou 79,34 milhões de toneladas, ante 82,14 milhões de toneladas contabilizadas na safra 2013/2014 (queda de 3,41%).
Segundo o diretor Técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, “o número de usinas em processamento neste ano ainda continua abaixo daquele apurado em 2013, comprometendo o avanço da moagem”. Algumas unidades produtoras consultadas estão em situação financeira delicada e sequer têm data prevista para início da safra, completou o executivo.
De fato, o número de unidades operando até o momento é inferior ao verificado em 2013. Foram registradas 249 plantas industriais em operação até o final da primeira metade de maio (destas, 29 usinas iniciaram safra na primeira quinzena do mês), contra 268 empresas registradas até a mesma data da safra passada.
Qualidade da matéria-prima
A concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de matéria-prima processada atingiu 114,14 kg desde o início da safra 2014/2015 até 15 de maio. Na primeira metade deste mês, totalizou 121,28 kg por tonelada de cana-de-açúcar, ante 123,79 kg por tonelada na mesma quinzena do último ano.
A produtividade agrícola também diminuiu. Levantamento realizado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) aponta que o rendimento médio da lavoura colhida na região Centro-Sul desde o início da atual safra até o momento alcançou 82,09 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, queda de 7,10% em relação ao mesmo período do último ano.
Cabe ressaltar que a retração mencionada do teor de açúcares na planta durante a primeira quinzena de maio refere-se ao “ATR produto” e deve ser analisada cuidadosamente. O cálculo utilizado para obter o “ATR produto” se dá a partir do volume de cana-de-açúcar processada e das produções de etanol e de açúcar, tomando certas premissas relativas às perdas industriais e às eficiências de fermentação e de destilação. Diante desta metodologia de cálculo e considerando que muitas unidades iniciaram esta safra no decorrer da primeira metade de maio, houve um descompasso entre a quantidade de cana registrada e o respectivo montante de produtos fabricados. Especificamente, o volume de cana-de-açúcar que estava em processamento não obteve sua respectiva contrapartida em produtos (etanol e açúcar), reduzindo a qualidade da matéria-prima obtida por meio dessa sistemática.
De acordo com o diretor da UNICA, “os dados de ATR apurados a partir de análises laboratoriais e computados no sistema de informações do Consecana-SP indicam para maio de 2014 um índice levemente superior aquele observado no mesmo mês de 2013”. O baixo volume de chuvas ao final da primeira metade de maio estimulou a concentração de açúcares pela planta e esta condição deverá se refletir em um maior “ATR produto” na próxima quinzena, acrescentou o executivo.
Produção de açúcar e etanol
Seguindo a tendência registrada nas últimas quinzenas, os dados de produção apurados nos primeiros 15 dias de maio apontam para uma safra mais alcooleira.
Do total de cana-de-açúcar processada na primeira quinzena de maio, 42,52% destinou-se à produção de açúcar, queda em relação aos 43,65% verificados no mesmo período da safra passada.
Com isso, a produção quinzenal de açúcar totalizou 1,91 milhão de toneladas, redução de 8,41% relativamente a igual período do ano anterior, quando foram fabricadas 2,08 milhões de toneladas. No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 15 de maio, a produção de açúcar permanece 9,88% aquém da quantidade computada no último ano: 3,41 milhões de toneladas, contra 3,78 milhões de toneladas observadas em 2013.
A produção acumulada de etanol, por sua vez, alcançou 3,22 bilhões de litros até 15 de maio, com leve queda no comparativo com o volume observado em 2013 (3,28 bilhões de litros). Do total produzido, 2,00 bilhões de litros referem-se ao etanol hidratado e 1,22 bilhão de litros ao etanol anidro (alta de 14,39%).
Na primeira quinzena de maio, a produção de etanol alcançou 1,58 bilhão de litros, sendo 695,08 milhões de litros de etanol anidro e 889,73 milhões de litros de etanol hidratado.
Vendas de etanol pelas unidades produtoras
As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul na primeira quinzena de maio somaram 957,25 milhões de litros, aumento de 3,64% comparativamente ao mesmo período do ano anterior (923,66 milhões de litros).
Este leve crescimento decorre essencialmente da expansão do volume comercializado no mercado doméstico, que atingiu 911,23 milhões de litros, frente a 860,11 milhões de litros registrados na mesma quinzena de 2013 – alta de 5,94%. As exportações, por sua vez, alcançaram apenas 46,02 milhões de litros no período.
No mercado interno, as vendas de etanol anidro totalizaram 400,40 milhões de litros na primeira metade de maio, alta de 14,15% sobre o valor registrado no último ano, quando, a partir de 1º de maio, a mistura do produto na gasolina aumentou de 20% para 25%.
O montante comercializado de etanol hidratado, por sua vez, ficou praticamente idêntico ao observado em 2013: 510,83 milhões de litros, ante 509,34 milhões de litros verificados na mesma data da safra passada.
Segundo o executivo da UNICA, “nas duas últimas semanas o uso do etanol hidratado passou a ser economicamente vantajoso em comparação ao da gasolina no Estado de São Paulo”. Esse cenário deveria ser ainda mais positivo se a queda verificada no preço recebido pelo produtor já tivesse sido integralmente repassada ao consumidor, acrescentou Rodrigues.
Realmente dados apurados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea - ESALQ/USP) e pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que nas últimas 6 semanas o preço recebido pelo produtor paulista diminuiu 15,31% (cerca de 0,22 R$ por litro), enquanto o preço pago pelo consumidor nos postos de combustíveis recuou apenas 3,45% (0,07 R$ por litro).
“Nesse ano, o repasse da queda de preço está mais lento. Esperamos que nas próximas semanas o consumidor possa verificar preços ainda mais atrativos na bomba, estimulando o consumo do biocombustível”, concluiu Rodrigues.
Fonte: Unica
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