O preço da gasolina estava defasado em 13% na média do mês até anteontem, nos cálculos da consultoria GO Associados. A diferença entre o quanto a Petrobras paga na importação do litro do combustível e por quanto ela o vende em suas refinarias no mercado interno caiu três pontos percentuais em relação ao registrado em abril.
O recuo foi causado pela recente valorização cambial, que fez o dólar recuar para a faixa de R$ 2,20 após atuação do Banco Central. Hoje, a Petrobras perde R$ 0,22 em média ao revender por R$ 1,39 o litro da gasolina importada no mercado interno.
A diferença é persistente. Na série histórica do cálculo da consultoria, a relação não fica positiva para a estatal desde dezembro de 2010, apesar de estar menor do que o pico atingido em agosto do ano passado, quando essa distância alcançou 25%.
O diesel - combustível importado em maior quantidade do que a gasolina - também registrou recuo na defasagem, de 7% em abril, para 3% há dois dias. Ambos combustíveis foram afetados pelo câmbio, já que os preços do barril de petróleo e da realização de um litro de gasolina ou diesel no exterior ficaram estáveis em dólar nos últimos meses. A consultoria utiliza os preços médios das refinarias do Golfo do México, nos Estados Unidos.
Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômica da GO Associados, acredita que o governo não autorizará o reajuste dos combustíveis no curto prazo e que a defasagem deve permanecer. "É uma medida impopular, difícil de ser tomada. Deve haver um reajuste neste ano, mas só depois das eleições. E mesmo assim ele deverá ser dosado, para não estourar a inflação no começo do ano que vem", afirma.
O prognóstico do economista parte do pressuposto de que o câmbio não deve sofrer grandes oscilações ao longo do ano, assim como o preço do barril de petróleo no mercado internacional, que possui tendência de estabilidade no mercado futuro.
O baixo patamar da defasagem do diesel precisa ser colocado no contexto da persistente relação negativa para a estatal, ainda segundo Silveira. "O câmbio poderia ajudar se fosse mais valorizado, mas ele não deve sair do patamar atual senão haverá piora nas exportações, que não estão tendo bom desempenho neste ano", diz.
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie), chama atenção para os custos com frete na importação até as refinarias da Petrobras que não aparecem no cálculo da diferença de preços. Esse custo, inexistente quando a estatal produz no país, adiciona até três pontos percentuais a mais na defasagem.
O fim do período de frio no hemisfério norte deve fazer com que os preços do diesel no mercado internacional recuem mais nos próximos meses. Por outro lado, em função do verão e do início das férias escolares, haverá maior demanda por gasolina, que deve impactar os preços.
Mais dois fatores esperados para este ano jogam contra o caixa da estatal: enquanto o incremento da produção de derivados de petróleo está previsto apenas para o fim do ano, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) espera 5% de aumento no consumo interno de combustíveis até lá
Fonte: Valor
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