Deprecated: mysql_connect(): The mysql extension is deprecated and will be removed in the future: use mysqli or PDO instead in /home/assovale/www/adm/include/conexao.php on line 29
Estão acabando com o fornecedor de cana, diz Tomaz Pereira, Presidente da Assovale | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

Estão acabando com o fornecedor de cana, diz Tomaz Pereira, Presidente da Assovale

Ele acaba de assumir a presidência da Associação Rural Vale do Rio Pardo (Assovale) em mandato de dois anos. Produtor de cana-de-açúcar, é o segundo presidente da entidade e sucede Godofredo Fernandes Machado, que se tornou seu vice.
A Assovale foi criada em 2010 e tem sede em Serrana, cidade vizinha a Ribeirão Preto cuja economia é baseada na matéria-prima do etanol, com duas plantas industriais instaladas, a Usina da Pedra e a antiga usina Martinópolis, que está em recuperação judicial.
Segundo Pereira, sua gestão tem várias prioridades em favor do agricultor associado.
Uma delas é brigar pela sobrevivência do pequeno produtor de cana. “Ele representa 90% do setor de fornecedores de cana e está sendo eliminado”, afirma Pereira.
Essa eliminação, segundo ele, ocorre por conta de regulamentações que impedem a continuidade das operações do pequeno agricultor, que geralmente trabalha com familiares.
Aí entra a Norma Regulamentadora 31, que deixa o agricultor passível de sanções caso, por exemplo, siga fazendo plantio de cana pelo método convencional.
A Cidade - Como surgiu a Assovale?
Tomaz Pereira – Em 2010. Foi em meio às discussões sobre o projeto do novo Código Florestal, de vital importância ambiental. Um grupo de agricultores se mobilizou em torno desse projeto e assim surgiu a associação, baseada em fornecedores com áreas em Serrana e região.
Como foi o trabalho da entidade em relação ao Código?
Criamos um corpo jurídico, com três ‘meninas’ advogadas, que participou ativamente em Brasília durante as discussões e até a aprovação do projeto do Código Florestal, cujo texto tem inclusive participação nossa. Criada há apenas quatro anos, a Assovale tem histórico que associações de mais de 100 anos não possuem.
Por que criar uma nova e não integrar esses produtores uma associação já existente?
Quando a gente se propôs a criar a Assovale, tivemos dificuldades, porque foi vista como uma concorrência E estamos aqui para somar. Hoje somos uma realidade. E temos outro foco: o presidente não fica mais de dois mandatos e o raciocínio da entidade é todo voltado ao fornecedor de cana.
Como vive a Assovale?
Das colaborações dos associados. A entidade é muito enxuta. Na sede, em Serrana, há um departamento agronômico e o profissional de advocacia, disponíveis aos associados, fora secretária e o presidente, que chuta bola.
Como atender mais o associado?
Fui atrás de parcerias. Uma delas é com a Coopercitrus, uma das maiores cooperativas do país. Toda cooperativa é bem vista quando tem um braço associativo. E somos um complemento para ela, que tem revenda de tratores, de implementos etc. Os associados da Assovale poderão adquirir esses produtos. E no próximo mês de junho deveremos inaugurar uma ‘filial’ da Associação em área alugada no prédio da Coopercitrus em Ribeirão Preto, às margens da Rodovia Anhanguera.
Há outra parceria?
Sim, com a Rede Universitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), criada a partir de convênios com dez universidades federais. Assim, temos acesso às variedades de cana RB, que somam 60% das variedades cultivadas no país. Há também laboratórios de alta precisão de análise e agricultura de precisão, para saber, via satélite, como está a qualidade do canavial.
Qual é o perfil atual da Assovale?
Temos 60 associados em uma área de 20 mil hectares e produção anual de 2 milhões de toneladas de cana, mas também há soja. Estamos na macrorregião de Ribeirão Preto. Queremos crescer, chegar a 100 associados, mas não mais do que isso. Não queremos ir para 2 mil. Queremos qualidade. Gente que pensa no coletivo.
E o pequeno produtor de cana?
Em dados oficiais, hoje 90% do total dos fornecedores de cana têm pouco mais de 100 hectares, capazes de produzir 15 mil toneladas. Mas há muitos com 50, 60 hectares. A minha bandeira, como presidente da Assovale, é defender esses pequenos. Eles estão perdidos, não sabem para que lado irem. A Associação tem que ser o pronto-socorro desse pessoal. Tem que ser a âncora.
E para viabilizar essa âncora?
Temos um tempo para criar estratégias. Hoje há um caos tão grande que temos que pensar em salvá-los. Como? Não deixar esse pequeno produtor sair da terra. Se ele deixar, sua casa dará lugar a mais cana, e cooperativas como a Coopercitrus perderão um grande número de clientes de seus produtos. Com isso, a cooperativa terá que vender direto para a usina.
É possível reverter?
Clamo para o Ministério Público do Trabalho ter parcimônia na hora de tomar medidas, como as que proíbem o plantio de cana de cima de caminhões, porque isso mata o pequeno produtor. Em outros países, é comum o pequeno trabalhar e morar no campo. E nós estamos matando eles.
Como ajudá-los?
Deve-se dar uma abertura para eles. Deixá-los continuar com o plantio com caminhões.
E o que acontece com o médio e grande produtor?
O médio de grande, acima de 40 mil toneladas, está arrendando. Arrendar é alugar. Geralmente o contrato é de cinco a seis anos. Mas, segundo um ex-ministro, esse tempo na verdade é de 12 anos, porque há o êxodo, o produtor deixa o campo, vende seus equipamentos, desliga os funcionários. E vai para a cidade, coloca uma bermuda e vai receber mesada na indústria conforme estiver no contrato. E seu filho fica vendo você de bermuda. Essa é a visão do dinheiro, não a visão do trabalho, do social, do cívico. Arrendar é jogar a toalha.
O associado da Assovale não arrenda terra?
Não. O associado é um verdadeiro trabalhador, agricultor com sangue quente, lutando contra um tsunami.
Em sua opinião, como está hoje o papel do fornecedor de cana?
Ele está abandonado. Não vou criticar ninguém, mas nós todos temos muita falha nisso. Precisamos começar a falar.
O sr. é favorável ao atual método de pagamento pela cana comprada pelas usinas, chamado Consecana?
Falta reciclar o Consecana. É preciso sentar, fazer contas novas.
O que é preciso fazer para melhorar a remuneração do fornecedor?
O arrendamento, que é ruim para a sociedade geral, porque acaba com o trabalho, desagrega o campo, gera um ganho de renda médio de 28 toneladas de cana por hectare. Se a usina tira 70 toneladas, fica com a diferença. Se a gente faz o cultivo, adubar, passar herbicida, a usina também precisa fazer isso. E as usinas sabem o custo de implantação do canavial. E com certeza o canavial de um produtor bom, que trabalha no esquema do olho do dono que engorda o porco, será mais produtivo. E se a usina sabe o custo, por que não remunera bem?
Trabalhar como cooperativa não dá certo?
Não. Há cana que está pronta para o corte, enquanto outra, vizinha, ainda não está pronta. Há um vizinho que não conversa com o outro. É complicado.
Politicamente, o que pode ser feito para os fornecedores?
Hoje o Ministério Público do Trabalho tem uma força tremenda. Quando caneta, acabou. Ele poderia chamar o pessoal, perguntar. Hoje, com as normas regulamentadoras, fica difícil. Olha-se com uma visão para o campo e não sei o objetivo. Fazendeiro não é coronel. Mas estão acabando com o fornecedor de cana, que vira um mico leão dourado, à beira da extinção.
Há outra bandeira de sua gestão?
Sim. Sabemos que há uma espécie de guerra nas relações entre fornecedores e usinas. A Assovale quer harmonizar, fazer casamento, com contratos duradouros de compra da cana. Hoje o contrato é anual. Queremos contratos de longo prazo, que são bons para as usinas, mas usar o indicador ATR, que já calcula a remuneração da cana, e não reais, como ocorrem em algumas negociações contratuais.


Fonte: A Cidade

Estão acabando com o fornecedor de cana, diz Tomaz Pereira, Presidente da Assovale
Rua Caraguatatuba, 4.000 Bloco 2 / CEP 14078-548 / JD Joquei Clube / Ribeirão Preto / SP

16 3626-0029 / 98185-4639 / contato@assovale.com.br

Criação de sites GS3