Apesar de o pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), ter se apresentado publicamente como "o candidato do agronegócio", o setor não tem nem terá uma candidatura única para apoiar, segundo disse ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (PMDB-TO).
A entidade, a exemplo do que fez em 2010, vai promover um debate com os principais candidatos à Presidência da República tão logo sejam formalizadas as candidaturas, para apresentar as demandas e ouvir as propostas dos presidenciáveis para o setor.
A CNA espera levar à sabatina ao menos 10% de todos os sindicatos rurais do Brasil para ouvir os três principais candidatos à sucessão presidencial - além de Aécio, Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB).
Justamente por reunir produtores de diversas regiões, e, portanto, com diferentes interesses e dificuldades, o setor se sente "absolutamente livre" para a manifestação de apoios durante as eleições.
"Ficamos muito felizes de ver o tema agronegócio na boca de todos os pré-candidatos, queríamos chegar aqui, ter essa importância política. Não política eleitoreira, mas porque, assim, os compromissos dos candidatos são feitos e quem ganhar tem que cumprir os compromissos com esse setor", disse ao Valor PRO a presidente da CNA.
"Não é mais uma opção, é quase uma obrigação: quem pretende governar o Brasil tem que vestir a camisa do agronegócio, por todos os motivos que conhecemos: os indicadores da economia", disse.
Em reunião com Dilma no Palácio do Planalto nesta semana, Kátia Abreu apresentou as sugestões da CNA para o Plano Safra 2014/2015. Uma das propostas é a ampliação para R$ 900 milhões do volume de recursos para a subvenção ao seguro rural - um acréscimo de R$ 200 milhões em relação à safra atual, de acordo com a CNA. Segundo apurou o Valor PRO, o governo começou nesta semana a elaboração do plano e espera apresentá-lo até o fim do mês.
Aliada do governo petista desde o começo da gestão Dilma Rousseff, Kátia Abreu não comenta a reunião ocorrida no Palácio do Planalto, seguindo um protocolo das autoridades com quem a presidente se reúne. A senadora, que já foi cotada para integrar a Esplanada dos Ministérios, foi inclusive lembrada por Dilma em diferentes momentos do jantar oferecido pela presidente a jornalistas no Palácio da Alvorada, residência oficial, nesta semana.
A relação de proximidade da presidente da CNA com Dilma não interfere nas posições políticas do setor, que se apresenta como "independente" em relação ao governo e à sucessão presidencial, segundo um interlocutor do setor ouvido pelo Valor PRO. "As decisões de ordem política não são confundidas com as decisões de ordem classista", afirmou o produtor em caráter reservado.
Em evento em Uberaba (MG) no fim de semana, Dilma foi vaiada três vezes por pecuaristas, durante a abertura da Expozebu. Acompanhada por ministros, parlamentares e empresários, Dilma foi hostilizada pelos ruralistas ao receber uma comenda da organização do evento, se preparar para fazer seu pronunciamento e encerrar sua fala.
Um dos representantes do agronegócio e da oposição ao governo federal, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), fala em "postura, compromisso e coerência" ao comentar o episódio. O parlamentar, que foi uma das autoridades mais aplaudidas na Expozebu, esteve, na véspera das vaias a Dilma, acompanhado de Aécio Neves em uma reunião com parte da mesma plateia de pecuaristas que hostilizou a presidente. Para o deputado, o "setor rural" não pode ser considerado um "segmento inexpressivo", por se tratar "da maior força de geração de empregos e divisas para o país".
"Quem se propõe a governar o país jamais deve pregar um discurso de luta de classes, de separação entre setores. Infelizmente, a presidente Dilma não conseguiu entender isso até hoje", disse. "Temos de tirar da figura do presidente o enfrentamento. Tem que enfrentar os problemas do país. Se você for bom argumentador você sensibiliza as pessoas. Tem que parar com essa ideia de que pequeno produtor é bom e quem é grande é demonizado", reclamou
Fonte: Valor
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