A crise no setor da cana-de-açúcar e a exigência do fim das queimadas na colheita podem forçar os pequenos produtores do Estado a mudar de atividade.
A avaliação é da secretária de Estado da Agricultura e Abastecimento, Mônika Bergamaschi. "Da maneira como está hoje, pouco rentável o setor, as pessoas estão esperando mais [para investir na mecanização]", disse.
De acordo com ela, não há um empenho muito grande para a mecanização.
A afirmação foi feita na Agrishow, principal feira de tecnologia agrícola do país, que acontece em Ribeirão Preto até sexta-feira.
"As pessoas estão avaliando, buscando outras alternativas, de repente a reconversão para uma outra cultura."
O protocolo agroambiental prevê que a partir de 2017 produtores com áreas menores que 150 hectares (o equivalente a 195 campos de futebol) não poderão mais queimar a palha da cana-de-açúcar, técnica usada para a colheita manual.
O documento foi assinado por 141 usinas e 27 associações de produtores, que respondem por 94% da produção de cana do Estado.
Para as propriedades acima de 150 hectares, a proibição começa neste ano.
Representantes do setor sucroalcooleiro dizem passar pela maior crise da história. Nas últimas cinco safras, 44 usinas fecharam, 33 estão em recuperação judicial e ao menos dez não irão moer cana neste ano.
Para a secretária, a melhora na situação econômica do setor poderia garantir a inclusão dos pequenos na mecanização. Mas, se o cenário for mantido, eles podem migrar.
"Até porque muitas das empresas que compram desses fornecedores estão perdendo a capacidade de atuar no mercado", afirmou. Segundo ela, a migração ainda não é percebida pois a demanda por cana segue forte.
Uma máquina colhedora de cana pode custar de R$ 900 mil a R$ 1,5 milhão.
Para ser rentável, é necessário produzir mais de 100 mil toneladas por safra, marca alcançada em propriedades maiores que 1.200 hectares, segundo o conselheiro da Socicana (Associação dos Produtores de Cana de Guariba) Delson Palazzo.
"A dificuldade para o produtor pequeno e médio adquirir uma colhedora é enorme. Quase impossível."
Para Palazzo, a saída dos menores deve ser apostar na formação de consórcios entre produtores para comprar e usar a máquina em conjunto. "Acredito que essa seria a sobrevivência do pequeno."
Áreas com menos de 150 hectares são 85% do total com cana no Estado, mas respondem por só 30% da área cultivada, segundo estudo de 2008 do Instituto de Economia Agrícola. A Secretaria do Meio Ambiente informou que há linhas de crédito para o pequeno produtor
Fonte: Folha de S. Paulo
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