Em mais uma aposta em etanol, a BNDESPar decidiu adquirir uma participação no Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) por meio de um aporte de até R$ 300 milhões. A empresa de pesquisa tem em seu bloco de controle as gigantes Copersucar e Raízen (Cosan/Shell). A fatia do braço de participações do banco de fomento no negócio não foi revelada.
Segundo Pedro dos Passos, chefe do departamento de investimentos em pequenas e médias empresas inovadoras da BNDESPar, os recursos que serão aportados vão compor o plano de investimentos de R$ 1,2 bilhão que será executado nos próximos cinco anos pelo CTC. "Nossa visão é que o centro tem potencial para gerar valor para seus acionistas e se tornar uma referência mundial em inovação para cana-de-açúcar", afirmou Passos ao Valor durante o Global Agribusiness Forum 2014, que terminou ontem em São Paulo.
A data e o valor dos aportes serão definidos ano a ano, e as liberações vão correr, conforme Passos, conforme o cronograma de investimentos do CTC. "Pelo plano apresentado pela empresa, todo o montante de R$ 300 milhões será utilizado no próximo quinquênio".
A entrada do BNDESPar exigirá do CTC novas obrigações, explicou Passos. O centro terá de aprimorar seus padrões de governança corporativa por meio do credenciamento, em até 24 meses, no Bovespa Mais, categoria da BM&FBovespa destinada às Sociedades Anônimas de pequeno e médio portes, sem capital aberto. "Com isso, nossa expectativa é que a companhia consiga, em até sete anos, fazer uma oferta inicial de ações dentro do que determina o regulamento do Bovespa Mais", disse.
O presidente do conselho de administração do CTC, Luís Roberto Pogetti, que há um ano negocia o aporte, concorda que, além de reforçar a estrutura de capital do centro, a entrada da BNDESPar contribuirá para um salto em sua governança. "A instituição terá um assento no conselho de administração do CTC".
Pogetti afirma que os recursos não entrarão no caixa "carimbados" para um projeto específico. Servirão, sim, para dar sustentação aos programas de pesquisa prioritários da empresa. Entre eles estão o desenvolvimento de variedades de cana mais produtivas (tanto por meio do melhoramento genético convencional quanto via biotecnologia) e a produção de um etanol celulósico economicamente viável.
Nos últimos dois anos, os sócios do CTC também aportaram recursos na operação. Foram, ao todo, R$ 190 milhões - R$ 30 milhões neste ano. "Com essa parceria, atraímos um sócio de respeito para o negócio e ampliamos o volume de recursos necessários para viabilizar nossas pesquisas nos próximos cinco anos", disse.
O chefe do departamento de Biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Cavalcanti, afirmou que o aporte de até R$ 300 milhões no CTC integra o Programa de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS), iniciativa conjunta com a Finep. Assim, explicou, no total a instituição aprovou até R$ 380 milhões ao CTC, uma vez que houve o sinal verde para R$ 80 milhões em financiamentos convencionais.
"O financiamento foi destinado especificamente ao projeto de construção de uma planta de demonstração de etanol de segunda geração com capacidade para produzir até 3 milhões de litros por ano", afirmou Cavalcanti. Dentro do PAISS, também houve aprovação de R$ 227,4 milhões para o CTC via Finep.
Fundado há cerca de 40 anos por usinas sucroalcooleiras, o CTC é considerado a maior empresa de pesquisa em cana do mundo. Em 2011, foi convertida de Oscip para S.A. e passou a imprimir uma visão empresarial a sua atuação ao cobrar pelo uso das tecnologias que desenvolve. "O CTC concentra sócios e clientes que detém 60% da capacidade de moagem de cana do país. Se as pesquisas trouxerem resultados, o CTC tem capacidade de disseminar essas novas tecnologias rapidamente a todo o setor, elevando a competitividade brasileira em cana-de-açúcar a outro patamar", afirmou Passos.
Cavalcanti, do BNDES, afirmou que o banco não deverá aprovar novas operações de equity no âmbito do PAISS. Além da participação no CTC, a BNDESPar também aprovou um aporte de R$ 600 milhões no projeto de tecnologias de segunda geração da GranBio, controlada pela holding da família Gradin.
Segundo Cavalcanti, do total de R$ 1,17 bilhão já aprovados pelo BNDES dentro do PAISS, R$ 900 milhões são em equity. "Fizemos duas apostas interessantes, que são complementares e colocam de vez o etanol de segunda geração na agenda energética do país", afirmou. A carteira de projetos aprovados do PAISS deve alcançar R$ 1,57 bilhão somente pelo BNDES. Somados os recursos aprovados pela Finep, o montante total deve chegar a R$ 2,8 bilhões
Fonte: Valor
16 3626-0029 / 98185-4639 / contato@assovale.com.br
Criação de sites GS3