Usinas adiaram a moagem da cana à espera de mais chuvas e maior produtividade da planta. Preço do combustível já subiu 9% desde o final do ano passado em SP; cana ficará na lavoura para render produção.
A falta de chuvas do começo deste ano deve ajudar a manter altos, por mais tempo, o preço do etanol nos postos. Desde dezembro, o aumento médio no valor do combustível foi de 9% em SP.
Isso acontece porque as usinas adiaram o início da moagem --neste ano, a previsão foi antecipada para março por causa da quantidade de cana que sobrou nas lavouras-- para abril.
O objetivo é deixar a cana mais tempo no cultivo para obter maior concentração de açúcar e mais rentabilidade, uma vez que a estiagem prejudica o desenvolvimento da planta. No período, a expectativa é que as chuvas voltem com regularidade.
Com o início da moagem no mês que vem, levará ao menos até maio para que a oferta de etanol seja ampliada, pressionando para baixo os preços, segundo fontes do setor ouvidas pela Folha.
A estimativa parcial da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar) é de que 60% das usinas da região centro-sul comecem a moer na primeira quinzena de abril, segundo o representante da instituição na região de Ribeirão Preto, Sérgio Prado.
O restante das usinas, segundo Prado, devem iniciar a produção na segunda quinzena de abril. Só algumas poucas conseguiram antecipar a moagem para março. Os números oficiais da Unica serão divulgados em abril.
O presidente da Udop (União dos Produtores de Bioenergia), Celso Torquato Junqueira Franco, afirmou que não há risco de faltar etanol no mercado. Mas ele assumiu que os preços devem continuar altos mais tempo.
"Não há a menor probabilidade de um problema de abastecimento, mas pode ocorrer a sustentação dos preços por um período mais longo, até o início do processo de formação de estoque pelas usinas de cana", disse.
O analista da consultoria FG/Agro Thiago Campaz afirmou que a decisão de não antecipar a moagem é baseada também na expectativa de uma safra menor, por causa do impacto da seca.
A antecipação da moagem para março foi prevista no final do ano passado, quando sobraram cerca de 20 milhões de toneladas sem moer da safra anterior (2013/2014). Iniciar mais cedo evitaria que novamente sobrasse cana na safra 2014/2015.
O etanol, comercializado em Ribeirão ao preço médio de R$ 2,19 o litro, já perdeu a vantagem frente ao preço da gasolina, de R$ 2,99, em média. A proporção ficou acima dos 70% usados pelo setor.
ESTOQUE NÃO REDUZIU PREÇOS
O aumento nos estoques de etanol nesta entressafra da cana-de-açúcar não foi suficiente para forçar a redução dos preços nos postos. A causa é o aumento na demanda pelo combustível provocada pelas vendas de veículos flex.
A avaliação é do analista da consultoria FG/Agro Thiago Campaz.
Ele estima que os estoques de etanol hidratado (combustível) estejam 3,1% maiores que em março do ano passado. O etanol anidro (que é misturado à gasolina) estaria com estoques 14,5% maiores.
Já a frota de automóveis flex cresceu 17% entre o final de 2012 e janeiro deste ano, segundo números divulgados pela Unica (União das Indústrias da Cana-de-Açúcar).
"A tendência é de que os preços se mantenham ou até subam no início da colheita no centro-sul", disse o analista.
Em fevereiro, a Unica divulgou comunicado informando que a alta do etanol nos postos era explicada pela demanda aquecida, apesar de os estoques serem 10% superiores aos do ano passado.
Segundo Campaz, a diferença do preço do etanol nas bombas entre a safra e a entressafra tem sido menor nos últimos anos.
"As usinas estão com capacidade de estoque maior e com estratégias para vender mais nos períodos de melhor preço [próximos à entressafra]", disse o analista da FG/Agro
Fonte: Folha de S. Paulo
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