O estrago que a seca do Centro-Sul provoca em lavouras permanentes, como cana e café, deve ir além desta safra. No caso do café, a falta de chuvas derruba as folhas que vão gerar os frutos da safra de 2015. Na cana, as mudas perdem qualidade por causa do calor excessivo.
Nas projeções da consultoria Safras & Mercado, as perdas no setor sucroalcooleiro podem chegar a R$ 2 bilhões neste ano. Na Bolsa de Nova York, o contrato do açúcar já subiu quase 19% desde janeiro, mas boa parte dos produtores não consegue aproveitar essa valorização porque eles já venderam a maior parte da produção.
Ainda que o aumento no preço internacional possa compensar parte das perdas na produção e na exportação ao longo do ano, é certo que os efeitos negativos do clima sobre a cultura vão se prolongar e podem extrapolar o campo. A falta de água afeta principalmente a concentração de açúcar na planta e, por tabela, a produção de dois de seus subprodutos industriais - o açúcar e o etanol. Como o etanol é misturado à gasolina, se a oferta do combustível verde cair, a tendência é que haja aumento da demanda do derivado de petróleo. "É bem possível que o Brasil tenha de importar mais gasolina no segundo semestre", prevê Plínio Nastari, diretor da consultoria Datagro.
No café, a falta de chuvas nas áreas produtoras do sul de Minas Gerais e na região Mogiana Paulista deve levar à perda de rendimento e à má formação do fruto. "Os efeitos da seca são variados. Em algumas regiões, a perda é de 15%, no cerrado mineiro oscila entre 20% e 25%", afirma o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café, Nathan Herszkowicz. Ele calcula que as perdas devem atingir entre 5 milhões e 6 milhões de sacas da safra, inicialmente estimada entre 46,5 milhões e 51 milhões de sacas. Com isso, pode ocorrer queda de R$ 2,280 bilhões na receita. Já Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café, acha que o maior estrago deve ocorrer em 2015: redução de 7 milhões a 8 milhões de sacas.
Incógnita. A maior incógnita no momento é o tamanho da perda no setor de laranja. A seca pegou a fruta bem na fase de desenvolvimento e a tendência é que haja uma redução na quantidade de água na fruta e, por conseguinte, no seu tamanho. Para o produtor, é o pior dos mundos. As vendas da fruta para a indústria são avaliadas por número de caixas e, nesse caso, será necessário colocar um número maior de laranjas para completar a caixa.
Para a indústria, porém, um volume menor de água pode representar uma quantidade maior de suco. Segundo Ibiapaba Netto, diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), o cenário fica mais claro entre março e abril.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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