As cotações do biocombustível geralmente começam a cair em meados de abril, com o início da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul, principal região produtora do País. Só que a estiagem das últimas semanas tende a atrasar o início da temporada 2014/2015, já que os canaviais ainda estão longe do desenvolvimento ideal. Segundo representantes do setor, a moagem vai se intensificar somente a partir de maio, "prolongando" o período de entressafra.
"As cotações devem continuar firmes, até porque os estoques estão justos", diz o presidente da Datagro, consultoria especializada em açúcar e etanol, Plínio Nastari. "Esses preços tendem a se manter por mais tempo. Têm potencial para subir, sim, mas não muito, porque senão superam a paridade (de 70%) e perdem competitividade ante a gasolina", complementa o superintendente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), Adriano Dias.
Atualmente, o litro do hidratado é comercializado a R$ 1,4148 nas usinas de São Paulo, sem impostos, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O valor é 14,6% maior na comparação com um ano antes. Só em 2013, acumula alta de 10,2%. O anidro, cotado a R$ 1,5348, tem valorização de 15,2% nos últimos 12 meses e de 6,4% só neste ano.
Em 2013, o preço do litro do hidratado começou a cair na semana encerrada em 26 de abril, indo de R$ 1,3018 para R$ 1,1786.
A cotação do litro de anidro iniciou movimento de baixa na mesma semana, passando de R$ 1,3994 para R$ 1,3721. Durante a safra, hidratado e anidro chegaram a atingir os R$ 1,08 e R$ 1,22 por litro, respectivamente.
Importações
Não está afastada a possibilidade de se importar etanol em volumes consistentes para garantir o abastecimento interno.
Segundo representantes do setor, o fornecimento do biocombustível está garantido até o fim de abril, mas após isso pode ficar apertado caso a produção não se firme.
Conforme a Datagro, em 1º de maio os estoques de etanol total (anidro mais hidratado) no Centro-Sul devem totalizar apenas 295 milhões de litros. O consumo mensal de hidratado, contudo, beira 1 bilhão de litros.
A boa notícia é que a safra de cana-de-açúcar deve começar ainda mais alcooleira neste ano. As usinas geralmente privilegiam a produção de etanol no início de temporada para calibrar equipamentos e gerar fluxo de caixa mais rápido. Mas tendo em vista que a produtividade das plantas será menor por causa da seca, compensará destinar menor parcela de matéria-prima à produção de açúcar e maior à de etanol.
"A qualidade será pior e, neste momento, os preços relativos ainda indicam uma preferência pelo etanol, e não pelo açúcar de exportação", diz Nastari. Segundo ele, o mix de produção tende a ser até 1 ponto percentual maior para o biocombustível em 2014/15, em torno de 56% da oferta de cana.
Safra menor
A safra de cana-de-açúcar do Centro-Sul do Brasil em 2014/15 foi estimada nesta segunda-feira em 570 milhões de toneladas, sendo afetada pela seca e pelo calor intenso em janeiro, disse a Copersucar, maior comercializadora de açúcar e etanol do mundo.
A estimativa indica uma queda na comparação com a moagem de cana registrada no Centro-Sul na temporada anterior. Usinas da principal região produtora do Brasil moeram quase 600 milhões de toneladas em 2013/14.
O número da Copersucar indica também uma forte queda ante a previsão anterior de uma safra de 610 milhões de toneladas, para a temporada que começa a ser colhida oficialmente em abril.
Os preços do açúcar bruto em Nova York subiam mais de 4 por cento por volta das 14h15 (horário de Brasília), por preocupações com a safra brasileira.
A redução foi atribuída a um clima seco na região, segundo a assessoria de imprensa da Copersucar.
A Unica, associação que reúne as principais empresas do setor sucroenergético, avaliou na semana passada que a nova safra deve ficar estável ante a temporada 2013/14, quando foram processadas 596 milhões de toneladas, devido à seca que reduziu o potencial de crescimento de moagem.
Em relação ao açúcar, a Copersucar reduziu sua previsão para a nova safra a 32 milhões de toneladas, ante 35 milhões da previsão anterior. A produção de etanol deve ficar em 25,4 bilhões de litros em 2014/2015, ante estimativa de 26,4 bilhões de litros, disse a Copersucar.
Fonte: Portal do Agronegócio
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