O anúncio do subsidio indiano de aproximadamente 54 dólares por tonelada, algo como 245 centavos de dólar por libra-peso (válido para fevereiro e março) fez com que o mercado futuro de açúcar em NY experimentasse novas baixas no mês de fevereiro, com o vencimento março/2014 negociando a 15,31 centavos de dólar por libra-peso. O desempenho da semana foi negativo. O março fechou a 15.63 centavos de dólar por libra-peso uma queda de 10 pontos em relação à semana anterior (2,20 dólares por tonelada). A pressão foi maior foi para os meses com vencimentos mais longo, indicando que os traders ainda acham que no curto prazo pode haver surpresas. Os fundos reduziram suas posições em 12,000 contratos dando sinal que ficar vendido a esses níveis parece ter mais risco do que retorno.
Os canaviais na região de Ribeirão Preto pareceram-me bem secos. Os especialistas dizem que ainda não se pode dizer que haverá quebra, mas até um dos mais conservadores deles admitiu para esse escriba que já reduziu sua estimativa de safra em 1,5%, que é pouco para o apetite taurino. No entanto, do outro lado da curva, um trader comenta que a seca terá “proporções bíblicas”, seja lá o que isso queira dizer. Deve ser a longa seca de três anos e seis meses predita pelo profeta Elias durante o reinado do Rei Acabe. Essa nossa seca aqui está durando muito menos.
Brincando com os números e admitindo que teremos uma safra mais alcooleira do que a do ano passado, se houver uma quebra de 5% na produção de cana do Centro-Sul em função da falta de chuvas, o impacto é uma redução de 1.7 milhão de toneladas de açúcar e 1.4 bilhão de litros de etanol. Ou seja, com 5% de quebra o Brasil sozinho zera o superávit mundial de açúcar. A consequência que isso pode trazer para os preços em NY vai depender de quão assustados os fundos podem ficar na hora de cobrir seus 90.000 contratos vendidos a descoberto. Se, por outro lado, tivermos mesmo uma redução drástica na produção, por exemplo 10%, aí estaríamos nos deparando com a “evaporação” de 3.4 milhões de toneladas de açúcar e quase 3 bilhões de litros de etanol. Ia ser uma catástrofe mesmo.
Onde os preços podem chegar com a queda de produção de cana só mesmo usando bola de cristal. Impossível prever. O que dá para analisar é, por exemplo, qual o nível de preço máximo que vimos nos últimos 3 anos: 32,99 centavos de dólar por libra-peso! Nesse dia (28 de fevereiro de 2011), o dólar estava cotado a 1.6630. Já o maior preço em reais por tonelada FOB nos últimos três anos foi de R$ 1,240 equivalente FOB Santos. Hoje, esse valor equivale a NY cotado a 22.50 centavos de dólar por libra-peso. Uma alta de quase 45% em relação ao fechamento da semana.
Como dizia um amigo meu produtor de café, “geada é boa no quintal do vizinho”. O setor fragilizado e necessitando de dinheiro, com um percentual de fixação já elevado (o mercado acha 30% e o modelo da Archer apura 40%), menos cana significa menos dinheiro no sistema. Mais usinas estariam acelerando seus processos de recuperação judicial, acionando o perverso mecanismo de maior restrição de crédito para o setor. Isso sem contar com a provável reação do governo que massacraria os usineiros pela diminuição da disponibilidade de etanol e da forçosa maior importação de gasolina por parte da Petrobras. Dilma, a protetora do agronegócio, ficaria furiosa.
Marcos Fava Neves é um dos maiores especialistas do agronegócio brasileiro. Professor titular da USP, autor de vários ensaios e palestrante permanente nos diversos seminários pelo Brasil afora, fez um desabafo contundente nas redes sociais na semana passada, que me foi passado por um executivo do mercado: “Saio pelo mundo defendendo o Brasil desde 1994. Ver um condenado por diversos escândalos, um corrupto, um cara que destruiu o Brasil, a Petrobras, um cara que teve seu primeiro ministro, o presidente do seu partido e o presidente do congresso em sua gestão presos, na cadeia, ser bajulado pela mídia e pela sociedade do agronegócio, a mesma que aplaude minhas palestras e textos críticos, é uma traição. Minha vontade hoje é de jogar a toalha, me desculpem, nossa sociedade é fadada ao fracasso”.
Há muito que a ética abandonou o Brasil. Lula, Dilma e a petezada inverteram completamente os valores de nossa sociedade. Defendem publicamente os bandidos condenados de seu partido transformando-os em vítimas, subvertem o idioma pátrio mudando o sentido das palavras, elite há muito deixou de ser “o que há de melhor numa sociedade”, mas algo a ser combatido segundo a cartilha dessa gente desclassificada e infame. O que sustenta essa súcia no poder é o assistencialismo governamental que prefere dar o peixe a ensinar a pescar. Que privilegia cotas, filiação partidária e mecanismos discutíveis à meritocracia. Que investe zero na educação porque quanto mais ignorante for o povo mais tempo eles “et caterva” ficarão grudados às tetas do poder. Essa canalha que infesta o país multiplica-se em progressão geométrica, alimentada pelo dinheiro do contribuinte. Pessoas do calibre do professor Marcos Fava Neves, infelizmente, contam-se nos dedos. O desânimo e a vontade de jogar a toalha s ão compreensíveis pelas pessoas de bem.
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Arnaldo Luiz Corrêa é diretor da Archer Consulting - Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda.
Fonte: Archer Consulting
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