O processo de renovação dos canaviais no Centro-Sul, principal área produtora de cana-de-açúcar do Brasil, deve começar a trazer resultados mais significativos de aumento de produtividade daqui a cinco anos, estima o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Para esse cálculo, o gerente de Desenvolvimento de Produto do CTC, Marcos Casagrande, considera uma renovação anual de 20% da área plantada, mas ele mesmo destaca que essa não tem sido uma prática generalizada no setor, que trabalha com porcentuais entre 15% e 17%.
Segundo ele, cerca de 50% da área plantada com cana no Centro-Sul - pouco mais que 4 milhões de hectares, aproximadamente - ainda é ocupada por variedades muito antigas, de 30 anos, pouco adequadas ao novo perfil de produção de cana-de-açúcar brasileira, com plantio e colheita mecanizados. Essas plantas, ao contrário de variedades que chegaram ao mercado mais recentemente, têm menor resistência à passagem da máquina, o que gera perdas com um corte mal feito ou mesmo com a retirada total. "É por isso que na última década nossa produtividade média patina em 75 toneladas por hectare", disse Casagrande ao Broadcast.
Por trás do ritmo lento de renovação está o custo do investimento. Casagrande calcula que é necessário o desembolso de aproximadamente R$ 9 bilhões por ano, com custo médio de R$ 5,5 mil por hectare renovado. Adriano Dias, superintendente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), considera um gasto por hectare maior. "Replantar um hectare de cana custa R$ 7,5 mil, mas as incertezas no setor e a escassez de recursos, mesmo com os programas de incentivo do governo, não dão segurança às empresas", avaliou também em entrevista ao Broadcast.
Na safra 2013/14, a renovação do canavial foi 17% menor que a registrada no ciclo anterior, segundo levantamento da consultoria Canaplan. Em entrevista em dezembro, o presidente da Usinas Itamarati, em Mato Grosso, reconheceu que o ideal teria sido renovar 11 mil hectares e não apenas 4,5 mil hectares, como aconteceu. Ele citou as dificuldades em acessar a linha Prorenova, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O representante da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, destaca que a mecanização do campo foi mais rápida que o desenvolvimento de novas cultivares. "Do ponto de vista agrícola, o setor não estava preparado para essa mecanização", disse, referindo-se justamente ao tempo necessário para a elaboração de variedades específicas de cana. "Mas vai além da renovação. Temos de buscar a produtividade com investimentos em pesquisa."
Criado em 1969, o CTC desenvolve variedades de cana em 24 polos espalhados pelo País, levando em conta as condições locais de solo e clima. Segundo Casagrande, algumas das cultivares da série CTC 9000, lançada no ano passado e voltada ao Cerrado, asseguram aumento de produtividade por hectare de até 29% em alguns casos. "Isso representa 3 milhões de toneladas a mais de açúcar e 1.800 litros de etanol a mais por hectare." Especificamente para o Centro-Sul, Casagrande cita a CTC 20, que consegue um rendimento de até 180 toneladas por hectare
Fonte: Agência Estado
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