A obrigação do fim das queimadas da cana-de-açúcar para 2015 no Estado de São Paulo levou um professor de engenharia agrícola de Piracicaba (160 km de São Paulo) a projetar uma máquina específica para a colheita do pequeno e médio produtor.
Atualmente em fase de produção do primeiro protótipo, a máquina é menor e mais barata –cerca de 25% do preço de uma colheitadeira comum, que no mercado chega a custar até R$ 1 milhão–, o que a tornaria acessível às especificidades do terreno e do bolso dos produtores.
Luiz Mialhe afirmou que em dois meses o protótipo será submetido a testes de campo, para precisar o nível de produtividade por hectare, nível de desgaste das peças e consumo de combustível.
A máquina projetada pelo professor funciona acoplada a um trator e recolhe a cana colhida numa caçamba com capacidade para aproximadamente uma tonelada.
A estimativa de capacidade de colheita é de 10 a 15 toneladas por hora, em canaviais com produtividade de 70 a 100 toneladas por hectare.
Outra diferença é que a nova máquina colhe a cana inteira, e não picada como as atuais. Isso faz com que não seja necessário o uso do caminhão de transbordo –que acompanha a colheita ao lado da máquina para armazenar a cana picada.
O projeto é desenvolvido em parceria com a empresa Mecmaq. O diretor da empresa, Leonel Frias Júnior, disse que o preço final ainda não foi fechado, mas a intenção é que a máquina custe "no máximo" 25% das colhedoras de grande porte.
As colhedoras atualmente no mercado podem custar de R$ 500 mil a até R$ 1 milhão, e pesam de oito a 20 toneladas. O projeto da Mecmaq prevê uma máquina menor, de até três toneladas.
Em 2017, toda plantação de cana deverá ser mecanizada. Em 2015, somente as áreas mecanizáveis –onde a colheitadeira consegue trabalhar– é que vale o fim das queimadas.
Os prazos são do protocolo agroambiental assinado pala Unica (União da Indústria Sucroalcooleira) e a Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) com o governo de São Paulo.
Na última safra, 27,4% da produção de cana do Estado foi colhida com o uso de queimadas, que destrói a palha e facilita a colheita manual.
Adaptação
"Hoje o grande problema econômico e social é como o pequeno produtor irá se adequar às restrições ambientais", afirmou o diretor operacional da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo), Luiz Carlos Tasso Júnior.
Com cerca de 2.800 associados, Tasso Júnior estima que 40% da produção de cana de membros da Canaoeste ainda é colhida com o uso de queimadas, em sua maioria feitas por pequenos produtores.
A principal barreira para que os pequenos mecanizem a colheita é econômica, disse.
Tasso Júnior, que não conhece o projeto da Mecmaq, afirma que a produtividade da plantação pode ser um limitador ao uso da colhedora de menor porte. Segundo o produtor, terrenos com produtividade acima de 80 toneladas por hectare exigem máquinas de maior porte para conseguir fazer o corte da cana.
Fonte: Folha de S. Paulo
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