O aumento da demanda por combustíveis no Brasil e a impossibilidade de repassar os preços internacionais para o mercado interno vêm levando a Petrobras a elevar a utilização das suas refinarias a 99%. Na média mundial, o índice é de 85%.
Uma série de acidentes nessas unidades, porém, acendeu a luz vermelha nos sindicatos de petroleiros, que temem possíveis tragédias, que até agora foram evitadas. Em menos de dois meses, seis refinarias da empresa registraram acidentes sem mortes.
A operação das refinarias acima da capacidade permitida já decorreu em duas multas aplicadas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), no valor de R$ 150 mil cada uma, que foram contestadas pela estatal.
A ANP negou, em reunião no dia 18, recurso da empresa contra a multa aplicada pela operação da Replan, em Paulínia (SP), e avalia outra aplicada pelo mesmo motivo na Repar (PR).
A Repar foi, aliás, palco de um dos recentes acidentes. Após um incêndio, no final de novembro, a unidade ficou sem produzir combustíveis por quase um mês.
"A ANP só age depois da porta arrombada, tem que fiscalizar, porque esses acidentes estão ocorrendo por falta de manutenção", afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Adriano Pires.
Questionada sobre afirmações dos sindicatos de que as refinarias não estariam passando por manuten- ção por operar na capacidade máxima, a Petrobras não se pronunciou.
Segundo a ANP, as fiscalizações nas refinarias são realizadas periodicamente e os acidentes reportados nos últimos meses estão sendo investigados.
O mais recente ocorreu no sábado, na Reduc, refinaria localizada no Rio de Janeiro.
Após um incêndio, a produção de uma unidade foi suspensa, reduzindo a produção de diesel e gasolina.
O aumento de custos da empresa com os problemas em refinarias vem sendo percebido pelo mercado, informa o economista chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.
"Nos últimos 40 dias a gente está vendo toda hora notícia de acidente, as ações só não caem porque estão baratas e chamam compradores."
Na avaliação do consultor da área de refino Carlos Alberto Luna Freire de Matos, a operação na capacidade máxima não teria problema se a manutenção estivesse em dia. "É preocupante [a série de acidentes], mas tem que ser bem avaliado para saber os motivos e corrigi-los", disse.
Para a FUP (Federação Única dos Petroleiros), a série de acidentes reflete a falta de manutenção nas unidades. A empresa estaria evitando parar a produção com objetivo de reduzir a necessidade de importação de derivados, o que vem sangrando o seu caixa.
Fonte: Folha de S. Paulo
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