As quase cento e cinquenta usinas e as 350 pessoas que participaram deste seminário na semana passada em Ribeirão Preto, colheram excelentes sugestões para melhoria da competitividade na área agrícola das usinas, destilarias e produtores de cana.
Segundo o economista Oscar da Sucrotec o custo de produção de uma tonelada de cana sem os custos de arrendamento, depreciações e o custo financeiro das dívidas das empresas alcançou em 2013 R$61,00. Os custos que mais subiram foram os da mão de obra e do óleo diesel. Estes custos sobem a cada ano enquanto o valor da tonelada de cana paga pelo Consecana cai com a queda nos preços dos produtos finais. No momento o açúcar está em queda e o etanol em estável sendo que a paridade de preços já não pende mais para o lado do açúcar. Este produto que de acordo com o Eng. Eduardo que é trader da Sucden ainda apresenta superávit de quatro milhões de toneladas no mercado internacional e poderá se manter durante todo o ano de 2014 mantendo os preços represados.
Para contrabalançar a difícil situação em que o setor está passando, surgem novidades e alternativas a cada dia. Neste evento foram apresentados casos de sucesso com aplicação de produtos da Syngenta, Basf e FMC que possuem em sua linha de insumos, maturadores que elevam rapidamente o teor de sacarose, fungicidas que protegem a cana na hora da formação dos canaviais, inseticidas para combater as principais pragas da cultura, herbicidas para todo tipo de plantas daninhas e produtos estimulantes de crescimento, que quando aplicados funcionam como Bio ativadores do desenvolvimento vegetativo como as Giberelinas que alongam os entrenós das plantas no período de maior crescimento vegetativo.
O Eng. Mazza da Syngenta apresentou como a logística e o suprimentos é importante para o setor melhorar a sua produtividade evitando que maquinas fiquem paradas, mato e pragas sejam combatidos com atraso e tudo fique na malha burocrática esperando autorizações e vistos. O sistema precisa ser automático com empresas fornecedoras sendo parceiras da produtividade num processo de melhoria contínua. Este palestrante ressaltou que o planejamento e controle são importantes e que devem ser aperfeiçoados para ganhar competitividade.
A Usina São Domingos também esteve presente através de seu diretor de desenvolvimento o Eng. Rodrigo Sanchez para contar aos presentes como que atingiu a excelência em serviços através de um programa de analises de desempenho e matemática aplicada aos pontos chaves do processo produtivo. Nos últimos anos a Usina São Domingos investiu em qualificação profissional em todos os níveis e neste período ganhou o premio Campeãs de produtividade do Grupo IDEA/CTC se colocando entre as 10 melhores empresas sucroalcooleiras do Brasil.
O Eng. Walter Lima da Usina Ester trouxe uma das maiores contribuições do evento quando provou através de experimento realizado com velocidade e rotações dos extratores de limpeza das colhedoras, que as empresas estão trabalhando com ambas em descompasso o que aumentou significativamente as perdas e as impurezas vegetais. A melhor velocidade de deslocamento das maquinas é de 3 Km por hora e a maioria das empresas trabalham a 6 Km por hora com os extratores a 1200 rpm. Isto leva ao aumento de perdas e das impurezas vegetais a níveis insuportáveis pelas usinas que estão perdendo milhões de reais a cada ano. O eng. Dib Nunes do Grupo IDEA apresentou análise do quanto as usinas podem economizar ou mesmo deixar de desperdiçar se reduzirem as impurezas vegetais para mais da metade, apenas com o controle dos itens apontados pela pesquisa da usina Ester. O Eng. Dib mostrou que as usinas em cinco anos, mais do que dobraram o teor de impurezas vegetais saindo de 3,5% para mais de 7% com o aumento da colheita mecanizada de cana sem queima previa. As principais consequências disto foram: perda acentuada de qualidade da matéria prima que caiu de da casa dos 142 kg/t para 133 kg/t neste ano e redução da densidade de carga em mais de 12% em unidades do tipo Rodo Trem que transportavam 65 toneladas por viagem em média e agora estão trazendo menos de 56 toneladas, encarecendo sobremaneira um dos principais itens da produção canavieira que é a colheita. Uma usina que industrializa 3,2 milhões de toneladas por ano chega a perder mais de 18 milhões de reais por safra, entre as perdas no transporte e no teor de sacarose. Este ultimo item é o mais importante fator de ganhos em uma empresa, que cuida da qualidade da sua matéria prima provou o Eng. Javiez Ibañez da Sucrana, que calculou que se aumentasse tudo em 5% , incluindo inclusive a mecanização e os preços de açúcar no mercado, os maiores ganhos estariam na matéria prima mais rica em sacarose em apenas 5%. O modelo provou que se aumentasse 5% os teores de ART numa cana que chega a indústria os reflexos poderiam alcançar até 47% de ganhos nas margens da empresa. O Eng. Javier criticou a forma como as usinas estão procedendo em relação a colheita de cana com excesso de palha, que é um dos principais fatores de perdas de qualidade na matéria prima. Citou o enorme desgaste que ocorre nos componentes da fabrica de açúcar e etanol comparando com Cuba que priorizou a palha para fazer energia elétrica e acabou com as fabricas, que sem reposição de peças está há tempos totalmente sucateada. Há um grande desafio a ser vencido, pois a má qualidade da cana parece ser uma característica generalizada nas empresas sucro energéticas. A atitude que pode devolver a qualidade da matéria prima e melhorar o resultado financeiro é aumentar o numero de colhedoras para poder reduzir a velocidade de colheita. “Hoje todos estão trabalhando no limite” completou o Eng. Dib, “tem dia que quebra meia dúzia de colhedoras e para não faltar cana na fabrica, a colheita acelera no ultimo, aumentando as perdas, os estragos nas soqueiras e reduzindo a qualidade de matéria prima”.
No dia seguinte o Eng. Yoran da Netafim mostrou que as empresas que tem condições de investir em irrigação por gotejamento, podem produzir 60% mais de cana na mesma área. Como a longevidade aumenta para no mínimo 10 cortes os investimentos são completamente retornados.
Numa das melhores palestras do evento, o Eng. João Crisostomo, consultor do Grupo Santa Terezinha, mostrou as evoluções técnicas que se iniciaram com a revolução do preparo do solo utilizando a técnica desenvolvida pela empresa de equipamentos Mafes de preparo profundo do solo com o equipamento PENTA, que faz cinco operações em apenas uma mostrando o quanto é possível melhorar a incorporação de nutrientes e corretivos, torta de filtro e ainda melhorar o enraizamento da cana que vai a grandes profundidades em busca de agua e nutrientes, proporcionando ganhos de produtividade agrícolas já comprovados. A adoção de cultura canteirizada com controle do trafego, reduziu significativamente a compactação e as operações de preparo do solo feitas de uma só vez trouxeram uma importante redução de custos. São ganhos que se multiplicam em todas as etapas de produção de matéria prima a qual segundo a Sucrotec hoje representam 75% dos custos finais de uma saca de açúcar ou de um litro de etanol.
Os avanços em Produtividade e Redução de Custos foram ratificados no debate promovido pelo Grupo IDEA sobre o tema do evento pelos experientes diretores dos grupos Abengoa - Eng. João Martins, Grupo Noble - Eng. Paulo Kronka e pelo produtor e consultor de empresas Luiz Carlos Dalben que produz na agrícola Rio Claro, mais de 500 mil toneladas de cana por ano.
No final ficou claro que o setor está com muito esforço neutralizando tudo de ruim que o governo federal vem fazendo contra o setor, com avanços em gestão, progressos tecnológicos e muito trabalho. O setor canavieiro emprega mais de 2,5 milhões de pessoas que certamente não se mostram satisfeitos com o governo federal, que está utilizando uma política equivocada de controle da inflação através do controle de preços dos combustíveis e com isto está afundando dois importantes símbolos do Brasil: a Petrobrás e o todo o setor produtor de etanol.
Fonte: Grupo IDEA
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