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Após boom, venda de máquinas agrícolas deve cair em 2014 | Assovale - Associação Rural Vale do Rio Pardo

Após boom, venda de máquinas agrícolas deve cair em 2014

O bom ano vivido pela indústria de máquinas e de equipamentos agrícolas não deverá repetir-se em 2014. Após o recorde que será atingido neste ano, as vendas deverão recuar de 10% a 15%.

A avaliação é de Alfredo Jobke, diretor de marketing da Agco, empresa líder na produção de tratores no Brasil. A provável queda se dará porque algumas das circunstâncias favoráveis ao setor não voltarão a ocorrer em 2014. Pelo menos, não com a mesma intensidade.

Entre os itens positivos para os produtores neste ano, Jobke destaca os preços elevados das commodities, as taxas favoráveis do PSI (programa de incentivo do governo à compra de máquinas) e o aumento da renda do produtor.

O diretor da Agco diz que as vendas de tratores deverão atingir o recorde de 66 mil unidades neste ano. As de colheitadeiras sobem para 8.000 unidades e as de colhedoras de cana vão a 1.300, um bom número para um setor que iniciou o ano esperando uma evolução de 5% a 7%.

Em 2012, as vendas de tratores de rodas foram de 55,8 mil unidades, e as de colheitadeiras, 6.286.
Os números do mercado de janeiro a novembro já estão bem próximos dos estimados por Jobke. Até o mês passado, as indústrias de máquinas e equipamentos colocaram 61,1 mil tratores no mercado brasileiro, enquanto as vendas de colheitadeiras atingiram 7.318 unidades.

Jobke tem a expectativa de que as vendas não caiam tanto em 2014 porque os preços das commodities deverão manter-se acima da média histórica.

Além disso, o produtor busca cada vez mais a eficiência do maquinário e a redução de custos. E esses são os novos ingredientes que os fabricantes também estão buscando para as máquinas.
O diretor da Agco diz que a empresa começa a colocar, a partir do próximo ano, novos produtos no mercado para atender a essas exigências. Em cinco anos, pretende fazer uma renovação completa de toda a frota. De acordo com ele, as novas máquinas virão com mais tecnologia, segurança e até maior conforto para o produtor.

Hoje apenas 60% dos tratores saem de fábrica com cabine. O objetivo é chegar a 80% em cinco anos, um percentual ainda bem abaixo dos 98% registrados na Europa (Folha de S.Paulo, 4/12/13)


Bancos emprestam mais ao agronegócio

O bom desempenho da agricultura com o nível mais alto de renda da população, a ampliação dos depósitos à vista e risco de calote historicamente menor resultaram no crescimento do saldo de crédito rural dos principais bancos do país em 2013. Em um ano mais fraco para o crédito como um todo, com as instituições privadas mostrando cautela ao emprestar devido ao receio de inadimplência, o setor se destaca. Além disso, a entrada neste ano de um novo concorrente, a Caixa Econômica Federal, acrescentou mais dinamismo ao segmento.

No sistema financeiro, o saldo de crédito rural com recursos direcionados a taxas reguladas (de até 5,5% ao ano) avançou 28% na comparação anual, totalizando R$ 131,5 bilhões no fim de outubro, enquanto o estoque de crédito com recursos direcionados a taxas de mercado cresceu 31% na comparação anual, para R$ 37,4 bilhões. As cifras consideram empréstimos a empresas do agronegócio e a produtores familiares e excluem o estoque de financiamento agroindustrial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

O Banco do Brasil (BB) registrou uma expansão de 32,5%, chegando a um saldo de R$ 129,4 bilhões em setembro. Já o Santander apresentou elevação de 27,5% da carteira de crédito rural no terceiro trimestre deste ano, na comparação em 12 meses, superando os R$ 5 bilhões. O Bradesco teve um aumento de 15,5%, atingindo R$ 12,8 bilhões. Por fim, o saldo do Itaú Unibanco subiu 28,4%, totalizando R$ 7,4 bilhões.

O BB detém a maior participação de mercado como financiador do agronegócio brasileiro, com 77,8% do saldo total que exclui o BNDES, percentual próximo do registrado no mesmo período de 2012. As fatias de Itaú e Santander praticamente se mantiveram, em 4,5% e 3%, respectivamente, enquanto o Bradesco registrou uma perda em torno de 1 ponto percentual, a 6,9%, um espaço que pode ter sido ocupado parcialmente pela Caixa, com 0,7%.

"O agronegócio do país vive um momento bom, de consolidação", diz Walmir Fernandes Segatto, superintendente de Agronegócios do Santander. Ele lembra que, há dez anos, os produtores rurais não atraíam tanto a atenção dos bancos. Uma das razões era o alto risco. Mas hoje os investimentos em tecnologia estão se intensificando no campo, o que dá maior previsibilidade à produção e reduz as chances de inadimplência.

Outro fator que ajuda a atenuar riscos são as garantias dadas pelo governo, como o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que salda as obrigações financeiras de pequenos e médios produtores que tomaram crédito, mas foram prejudicados por fenômenos naturais.
No Santander, a ideia é fidelizar o tomador de crédito rural, para conquistar toda a cadeia do agronegócio em determinadas regiões e até mesmo empresas que não são do setor. Segatto explica que há muitas cidades no interior do país em que esse elo se dá pelo boca a boca. "Se os produtores rurais não são meus clientes, o dono do supermercado ou do posto de gasolina também não será", afirma.

O Plano Safra 2013/2014 prevê R$ 136 bilhões em linhas de financiamento para investimento, custeio e comercialização, segundo o Ministério da Agricultura. Pela legislação, os bancos comerciais ou múltiplos com carteira comercial devem direcionar 34% dos depósitos à vista ao crédito rural, sob a pena de ter o déficit recolhido pelo Banco Central na forma de compulsório sem nenhuma remuneração.

Essa regra, contudo, ainda não vale para a Caixa. O banco público, novato no segmento, atingiu um saldo de cerca de R$ 900 milhões no terceiro trimestre. A instituição passou a ofertar linhas para o agronegócio em setembro de 2012, com um projeto piloto que envolveu oito estados. Em julho deste ano, o banco estendeu a operação a todas as regiões do país. Isso se deve às exigências de uma resolução de meados de 2012, que incluiu a Caixa na lista de bancos obrigados a cumprir a exigibilidade de crédito rural.

Até junho de 2014, a Caixa terá que direcionar 13% dos depósitos à vista ao crédito rural. Esse percentual aumentará gradualmente, até chegar aos 34% em julho de 2016, mesma proporção aplicada aos demais bancos.

Os depósitos à vista têm crescido, outra questão que levou à expansão das carteiras de crédito rural dos bancos. Mês a mês, entre janeiro e outubro, os depósitos à vista do sistema financeiro observaram taxas de crescimento de 9% a 12%, na comparação com iguais períodos em 2012, com cifras que variaram entre R$ 154 bilhões e R$ 160 bilhões. Durante boa parte do ano passado, esses recursos oscilavam entre R$ 138 bilhões e R$ 147 bilhões, a cada mês.

A necessidade de emprestar para o setor faz com que os bancos literalmente "corram atrás" dos clientes que são bons pagadores, diz Ademiro Vian, diretor-adjunto de produtos financeiros da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). "Todos os bancos estão trabalhando firmemente para cumprir as exigibilidades e evitar a penalidade", afirma.

Vian diz que o segmento ficará ainda mais competitivo com o avanço da Caixa. "Os bancos com certeza lançarão novos produtos [diante do aumento da concorrência]", afirma o representante da Febraban.

Fabio Lenza, vice-presidente de negócios emergentes da Caixa, diz que a entrada do banco no segmento ocorreu devido ao processo de crescimento da instituição. A carteira de crédito rural do banco deve superar os R$ 3 bilhões até meados do ano que vem, disse o executivo.
O setor vive um "bom momento", com preços de commodities agrícolas apreciados e boas margens para os produtores devido à demanda, diz Clenio Severio Teribelli, diretor de agronegócios do Banco do Brasil. Além disso, o governo brasileiro tem adotado uma política de mitigação de riscos, com a adoção de seguros agrícolas. Antes de emprestar, contudo, o BB costuma fazer uma análise complementar dos riscos, que leva em conta fatores como a disponibilidade de água no terreno, o relevo e o clima.

No Banrisul, o estoque de crédito para agricultura avançou menos que nos demais bancos, apenas 5% na comparação entre setembro deste ano e igual mês de 2012, para R$ 1,9 bilhão. Mas o banco tem boas perspectivas para o segmento. O diretor de crédito, Guilherme Cassel, relata que quando assumiu a gestão da área em 2011, tinha por missão recuperar o papel do Banrisul no setor, importante para a economia do Rio Grande do Sul. Ele conhece bem o segmento, já que foi ministro de Desenvolvimento Agrário de 2006 a 2010.

Ipsis Litteris
Pela regra do Banco Central, 34% dos depósitos à vista e 67% dos depósitos de poupança dos bancos devem ser direcionados ao crédito rural. Porém, as normas referentes aos depósitos de poupança diferem entre Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia e as demais instituições financeiras. Até 2008, esses bancos públicos direcionavam a fatia devida de suas poupanças apenas aos produtores rurais, enquanto os demais destinavam os recursos para o crédito imobiliário.

Uma resolução de 2008 trouxe a possibilidade - não a obrigação - de o BB, o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia aplicarem até 10% do percentual devido dos depósitos de poupança em crédito imobiliário, enquanto os demais 90% continuariam a ser direcionados aos produtores rurais. Ao mesmo tempo, permitiu que os outros bancos aplicassem até 10% dos recursos de depósitos de poupança em crédito rural, caso quisessem, ao passo que 90% seguiriam voltados ao setor imobiliário.

Quanto às taxas de juros, a aplicação de taxas reguladas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é o que predomina, porém parte dos financiamentos referentes aos depósitos de poupança pode ser feita com aplicação de taxas livremente pactuadas. Neste caso, quem define os volumes é o CMN


Fonte: Valor

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