Nos últimos anos, mais de 40 usinas de açúcar e etanol pararam de funcionar no Brasil e outras podem ter o mesmo futuro na próxima safra. Mas isso está acontecendo não por acaso. Recai sobre as unidades produtoras o peso da alta exponencial dos custos de produção, assim como a baixa remuneração dos produtos do setor.
Para entender melhor esse cenário e encontrar saídas para as dificuldades econômicas e financeiras enfrentadas pelo setor, inclusive no dia a dia das operações das usinas, acontece em Ribeirão Preto o "12º Seminário sobre Produtividade e Redução de Custos da Agroindústria Canavieira", promovido pelo Grupo IDEA (Instituto de Desenvolvimento Agroindustrial).
O evento ocorre nos dias 4 e 5 de dezembro, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, e vai contar com a participação de dezenas de profissionais da cadeia sucroenergética. Todos interessados em chegar a uma equação fundamental para a sobrevivência do negócio: controlar custos e otimizar a receita com o aumento da produtividade.
Na programação, palestras e painéis com especialistas de consultorias, órgãos de pesquisa, de usinas e de empresas da cadeia, que ajudarão a analisar o cenário e apresentarão alternativas bem sucedidas para reduzir custos e melhorar os resultados da empresa.
O dilema dos custos
Dib Nunes, diretor do Grupo IDEA, observa que o setor canavieiro está sofrendo com os elevados custos de produção e as frequentes crises de preços de açúcar e principalmente de etanol. Segundo ele, a produção de cana é a grande vilã dos elevados custos, pois representa entre 60% e 70% do preço final de um saco de açúcar ou de um litro de etanol. "A grande maioria das usinas encontra-se altamente endividada e em contínuo processo `extrativista´, com baixos investimentos na produção canavieira e na melhoria de seus processos industriais", salienta.
Os motivos para esse cenário começaram em 2008. "Quando a crise se agravou, as primeiras atitudes foram: corte nos orçamentos, na reforma de canaviais, nos tratos culturais, na expansão, no quadro de funcionários, nos investimentos em melhorias e em tecnologias, tanto na lavoura como na indústria", conta Dib, lembrando que também foram repassados aos terceiros a execução das operações agrícolas mais onerosas, como a colheita.
Desde o colapso de 2008, os custos das diversas áreas da usina de açúcar e etanolgalopam a passos largos, enquanto a remuneração dos produtos do setor se mantém pressionada, dificultando o negócio e inviabilizando novos investimentos. Exemplo disso acontece com o etanol, cujos preços são atrelados ao valor da gasolina, o qual é artificialmente controlado pela Petrobras (para prejuízo das contas da própria estatal e dos produtores de etanol).
No final de novembro, chegou a notícia de reajuste dos combustíveis pela Petrobras que poderia ser um alívio para o setor sucroenergético. No entanto, ao contrário, foi mais uma frustração. A estatal concedeu um reajuste de 4% na gasolina A, bem aquém da defasagem acumulada dos preços do produto nos últimos anos, e para piorar reajustou em 8% o preço do diesel, aumentando ainda mais a pressão de custos sobre a produçãocanavieira, uma vez que o combustível fóssil é um dos principais insumos de uma usina, responsável pela movimentação da frota e de equipamentos da empresa.
Além do diesel, assombram as contas do setor a alta dos custos com encargos trabalhistas, fertilizantes, aço, fitossanitários, adequação ao sistema de cana crua, preço de terra, entre outros produtos e serviços.
Mas se os custos pressionam, a saída é aumentar a produtividade. Porém, não é tarefa tão simples. Além das dificuldades em investimentos, o que inclusive foi motivo da acentuada queda da produtividade agrícola nos últimos anos, a adesão das usinas ao sistema decana crua tem deteriorado os ganhos das usinas.
De acordo com Dib Nunes, com a colheita de cana crua, o índice de impurezas vegetais está muito elevado, atingindo mais de 8% das cargas entregues nas unidades. Segundo pesquisas, cada 1% de palha na carga causa as seguintes reduções: 2,3% na moagem, 3,1% na capacidade do difusor, 0,1% na extração, 0,3% na pureza do caldo e 0,25% unidade de pol% cana.
Esse cenário é preocupante, porque mina a competitividade das unidades. O Brasil já produziu a cana e o açúcar mais baratos do mundo, porém gradativamente perdeu a competitividade para a Austrália, Tailândia e até para a Argentina, aponta avaliação da traiding Glencore. "É triste, principalmente perdermos para a Argentina, mas é o que ocorre", lamenta Dib. O desafio dos executivos do setor é entender essa conjuntura e encontrar saídas para garantir a sustentabilidade do negócio.
Serviço
12º Seminário sobre Produtividade e Redução de Custos da Agroindústria Canavieira
Data: dias 4 e 5 de dezembro de 2013
Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto
Mais informações: www.ideaonline.com.br
Fonte: CanaOnline
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