O Brasil vai se tornar um produtor de açúcar mais competitivo conforme a nova cana for plantada e também se beneficiará de pesquisas de novas variedades, de uma ampla área de terra, assim como de um possível real mais fraco, disseram representantes do setor nesta terça-feira.
"O Brasil vai continuar a ter um modelo muito competitivo de produção", disse à Reuters a diretora-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, à margem de uma conferência da Organização Internacional do Açúcar.
Ela afirmou que a produção aumentará com a substituição de plantas velhas por nova cana, e que a pesquisa e o desenvolvimento de novas variedades e a mecanização garantirão que o Brasil, maior exportador da commodity, permaneça altamente competitivo no mercado mundial.
"Um grande esforço tem sido implementado para recuperar a produtividade e reduzir nossos custos", disse Elizabeth.
"Além disso, temos muitas terras para aumentar (a produção de açúcar). Isso não é muito comum no mundo. Acredito firmemente na nossa competitividade."
O diretor da consultoria Datagro, Plinio Nastari, também disse que o Brasil irá se tornar cada vez mais competitivo, em parte porque o real deve se desvalorizar em relação ao dólar no médio prazo, pressionado pela entrada modesta de capital no país.
Um real fraco incentiva produtores brasileiros a vender açúcar denominado em dólar porque a maioria dos custos é em moeda local.
Nastari afirmou que os investidores têm encontrado maneiras de contornar as restrições à propriedade de terra por estrangeiros no Brasil por meio da celebração de acordos de longo prazo para arrendar áreas. Segundo ele, isso não é um problema para o investimento estrangeiro em novas instalações.
O Brasil, no geral, tem sido um produtor de custo menor do que a União Europeia, apesar de a diretora-geral do Comitê Europeu dos Fabricantes de Açúcar e Refinados(CEFS), Marie-Christine Ribera, ter dito anteriormente na conferência que a UE tem se tornado cada vez mais competitiva.
Produtores de açúcar da UE, que se beneficiam de um mercado de açúcar protegido, instalaram a mais recente tecnologia para aumentar a produtividade.
Elizabeth, da Unica, disse que os custos de produção de açúcar no Brasil aumentaram, em parte, devido ao aumento dos salários em um ambiente de crescimento econômico.
O setor de moagem brasileiro tem sofrido com problemas financeiros, afetado pelos preços fracos do açúcar, agora perto das mínimas de oito semanas, provocados por um excesso de oferta global.
A chefe da Unica prevê o fechamento de mais usinas no país.
"Esta pressão financeira é um verdadeiro desafio para a nossa indústria neste momento, e mais unidades podem ser fechadas", disse Elizabeth.
Ela espera que muitas usinas continuem a produzir com capacidade ociosa significativa nos próximos dois anos, mas que voltarão operar com capacidade total à medida que o volume de cana para moagem aumente para atender a demanda crescente
Fonte: Reuters
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