Grupos usineiros vêm realizando experimentos com o produto há alguns anos
por Viviane Taguchi
O etanol de segunda geração (2G) ou etanol celulósico, gerado a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar deve finalmente começar a ser produzido em escala comercial no próximo ano. Além da Usina Granbio, que fica em Barra de São Miguel (AL), do Grupo Gradin (e que está desenvolvendo uma variedade chamada “cana-energia” especialmente para esta finalidade), a Raízen, joint-venture formada entre a Esso e a Cosan, anunciou que vai construir uma planta para produzir o etanol 2G. A companhia já recebeu, em setembro, um aporte de R$ 207,7 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).
Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen, disse durante o 6º Congresso Nacional de Bioenergia, organizado pela União dos Produtores de Bioenergia (Udop), em Araçatuba (SP) que a fábrica 2G do grupo será instalada junto à usina Costa Pinto, em Piracicaba (SP), e que inicialmente o foco da companhia será viabilizar ainda mais o custo benefício do produto. “Esse biocombustível tem um grande espaço para crescer no Brasil”, afirmou. Mizutani também disse que o etanol celulósico não será concorrente do etanol de primeira geração. “Uma produção viabiliza a outra”. A fábrica da Raízen terá capacidade para produzir 40 milhões de etanol celulósico por ano, segundo ele.
Em São Miguel dos Campos, em Alagoas, a Granbio inaugurou uma planta de R$ 10 milhões para produzir novas tecnologias para etanol 2G em maio. Lá, o foco é o desenvolvimento de uma planta chamada “cana-energia”, própria para o uso celulósico. Essa fabrica já começa a operar no ano que vem e devem aumentar em 35% a capacidade instalada.
De acordo com a empresa, a cana-energia mostra vantagens em relação às variedades tradicionais de cana-de-açúcar já utilizadas para gerar etanol 1G, como a possibilidade de recuperar pastagens degradadas, maior produtividade e aumentar a vida útil do canavial. Sizuo Matsuoka, diretor da empresa Vignis, especializada em desenvolvimento de biomassa, afirma que a planta tem também maior produtividade. “A produtividade é um fator chave de competitividade para o etanol de segunda geração e a cana-energia produz o dobro das variedades convencionais”. De acordo com ele, essa planta é um cruzamento genético de híbridos comerciais com tipos ancestrais de cana-de-açúcar e pode ser colhida em qualquer época do ano.
Cristina Machado, pesquisadora da Embrapa Agroenergia, de Brasília (DF) disse que a entidade vem pesquisando diversas outras fontes de biomassa que possam vir a ser utilizadas para produzir etanol 2G no futuro. Entre eles estão vários tipos de capins, como o panicum e o capim-elefante e algumas gramíneas típicas de florestas. “Nenhuma empresa vai conseguir sozinha chegar a um produto ideal. Vai ser necessário unir forças, contribuir com pesquisas e estudos para viabilizarmos o etanol 2G no Brasil, mas isso é uma questão de tempo. Pouco tempo”.
Fonte: Globo Rural
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