Talvez seja exagero dizer que a BP está de mal com o Brasil. Mas os movimentos estratégicos do grupo têm revelado um esfriamento dos britânicos em relação ao país. A companhia, que passou ao largo do leilão do campo de Libra e vem demonstrando hesitação quando o assunto são os próximos leilões do pré-sal, decidiu reduzir sua exposição no mercado sucroalcooleiro.
A BP negocia com a indiana Reliance a venda de 50% de suas três usinas de álcool e açúcar no Brasil, com capacidade instalada para a moagem de oito milhões de toneladas de cana por safra. Os dois grupos, diga-se de passagem, são parceiros em exploração e produção de petróleo na Índia.
Não é de hoje que a BP vem reduzindo seus investimentos no mercado sucroalcooleiro no Brasil. Entre 2008 e 2011, os ingleses
compraram a Tropical BioEnergia e a Companhia Nacional deAçúcar e Álcool (CNAA), o que lhes permitiu assumir o controle de duas usinas no Centro-Oeste e uma em Minas Gerais.
Na ocasião,tudo levava a crer que a BP avançaria na aquisição deoutros ativos. No entanto, a BP deparou-se com dificuldades operacionais e logísticas, notadamente em Minas Gerais, que não estavam no script.
Teve ainda de enfrentar uma longa e desgastante negociação com os credores da Tropical, que caiu no seu colo com mais de R$ 250 milhões em dívidas. Com a queda das cotações do etanol e, consequentemente, a menor rentabilidade do negócio, o interesse dos ingleses pelo setor parece estar se evaporando.
Neste cenário, a busca de um sócio para dividir a conta da operação tornou-se prioridade absoluta. Só o projeto de duplicação da usina da Tropical em Edéia (GO), hoje com capacidade para cerca de 2,5 milhões de toneladas de cana, exigirá um aporte de R$ 800 milhões.
Se, por um lado, a operação evidencia a inapetência da BP, por outro, marcará a chegada ao Brasil de um dos maiores grupos de energia da Ásia. Controlada pelo magnata indiano Mukesh Ambani, a Reliance ensaia sua entrada no país há cerca de três anos. Segundo fontes próximas à empresa, carrega no bolso cerca de US$ 1 bilhão para investir no Brasil.
Além da produção de açúcar e etanol, com foco, sobretudo, nas exportações para a Índia, o grupo planeja entrar também na área de exploração de petróleo. De repente, a própria BP já tem um parceiro para os leilões do pré-sal
Fonte: Relatório Reservado
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