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Fechamento de usinas pode levar Alagoas à falência

A crise que as usinas de açúcar e álcool de Alagoas vêm enfrentando não tem fim. O caos acontece porque as empresas estão endividadas e algumas não vão nem moer a safra 13/14. Na região nordestina, a safra da cana vai de setembro a março. Em Alagoas, existem 24 usinas de açúcar e álcool. Mas pelo visto este ano cinco delas não irão moer.

O motivo é o crescimento das dívidas com fornecedores e trabalhadores, o que vem gerando demissão, onde a Usina Roçadinho, situada em São Miguel dos Campos chegou a demitir cerca de 300 funcionários, fora os que trabalham no campo. O Jornal Extra conversou com o presidente da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana), Lourenço Lopes onde ele alegou que o problema estaria relacionado à defasagem no preço do etanol que chega a 30%, o que termina por afetar todo o setor, na medida em que as empresas aumentam a produção de açúcar, desequilibrando o mercado. Outro detalhe preocupante relatado por Lourenço foi de que as indústrias do setor não têm mais acesso a crédito, ao menos dentro do mercado financeiro nacional.

"A razão básica para esse problema está ocorrendo é a falta de compromisso do Governo Federal, que não vem cumprindo o que havia prometido para a nossa classe. Não definem nada e só vemos o preço do etanol congelado e o custo para nós aumentando. Outro problema é o reajuste salarial para os funcionários, em todas as áreas há o aumento, mas na nossa classe não, o que acaba gerando o desconforto e o faturamento acaba caindo, pois ninguém gosta de trabalhar com atrasos de salário", explicou.

Sobre a safra desse ano, Lourenço alegou que mesmo com as chuvas de setembro e outubro, haverá uma redução significante, o que afetará ainda mais a crise. "Esse problema que vem ocorrendo pode deixar, por exemplo, as três usinas do grupo João Lyra em Alagoas sem moer nesta safra, e ainda a usina Taquara. Acreditamos que cinco usinas não consigam moer, que será uma grande perda se isso acontecer.

Poucas usinas iniciaram a moagem em setembro. Quem não começou a moagem até agora certamente está enfrentando sérias dificuldades. Ano passado, apesar das dificuldades o setor conseguiu moer cerca de 29 milhões de (t) de cana, já esse ano acreditamos que haverá uma redução de 7 milhões pelos nossos cálculos".

Uruba e Guaxuma irão moer

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Grupo João Lyra, na qual informou que em Alagoas se faz uma estimativa da perda de pelo menos 15 mil postos de trabalho, mas que o Grupo JL está em recuperação e que até o final do mês volta a operar com a Usina Uruba, localizada no município de Atalaia e até o final de novembro também entrará em operação a Usina Guaxuma, em Coruripe. Apenas a Usina Laginha, do Grupo JL, não irá funcionar este ano.

Dívidas das usinas

Lourenço falou também sobre as dívidas das usinas com seus trabalhadores. "Além de estarmos enfrentando toda essa dificuldade, ainda tem as dívidas das usinas, onde muitas indústrias ainda devem da safra anterior e o maior devedor é o João Lyra, e sabemos que não será paga, pois eles dizem que não tem dinheiro". A reportagem conversou também com Noel Loureiro, assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária no Estado de Alagoas (Faeal) onde ele explicou que caso venha ocorrer mais fechamento de usinas no Estado, o setor se agravará ainda mais. "Se a crise piorar, 86% da nossa agricultura será atingida, o que levaria o Estado a falir de vez.

Em 1990 tínhamos 37 usinas, atualmente temos 24, mas apenas 19 irão moer, pelos dados do IBGE, em 23 anos tivemos o fechamento de 13 usinas, um problema grave para o desenvolvimento de Alagoas". Segundo levantamento do Grupo Idea, pelo menos 57 usinas no Brasil deixaram de moer nos últimos meses, deixando um rastro de dívidas e passivos trabalhistas que provocaram dificuldades em todos os setores. Segundo fontes da Única - União da Indústria da Cana-de-açúcar - das 442 usinas sobram 385 e, deste montante, grande parcela tem convivido com grandes dificuldades financeiras e devem deixar de operar no final da safra que se inicia, principalmente em Alagoas.


Fonte: Extra Alagoas