Usinas indianas de açúcar em dificuldade financeira estão buscando alívio na produção de etanol de cana, à medida que o governo aumenta a pressão sobre os revendedores de combustíveis para reduzir importações de petróleo com a mistura do biocombustível na gasolina.
O governo indiano busca maneiras de cortar seus custos com petróleo em cerca de 20 bilhões dólares, em meio a uma batalha contra um déficit recorde em conta corrente. O país pode economizar cerca de 1 bilhão de dólares com importações anuais de petróleo com seus esforços para fazer as empresas do setor atingirem a meta de 5 por cento de mistura de etanol na gasolina.
Se a Índia atingir a meta de mistura em 2013/14, será a primeira vez que isso ocorrerá desde a introdução do sistema há mais de seis anos. Isso poderá elevar os rendimentos das usinas endividadas do segundo maior produtor mundial de açúcar e ajudar a evitar o notório ciclo de excesso e escassez no plantio indiano de cana.
Com as usinas indianas produzindo etanol a partir do melaço, um subproduto da produção do açúcar, a redução das variações no ciclo de produção de cana também garantiria uma produção mais estável de açúcar. Isso daria uma maior estabilidade aos preços da globais da commodity, com a Índia menos propensa a oscilar entre as exportações líquidas e as importações de açúcar.
Desentendimentos entre as usinas e as empresas de petróleo sobre as precificações têm, no entanto, atrasado o progresso desde que a Índia lançou seu ambicioso programa de mistura de etanol em 2006, tentando imitar o sucesso da indústria de biocombustíveis do Brasil.
Petroleiras estatais como a Indian Oil Corp Ltd, a Hindustan Petroleum Corp e a Bharat Petroleum Corp têm sido muito mais receptivas às demandas das usinas sobre os preços desde que a rupia caiu para mínimas recordes em agosto, elevando os custos de importação de petróleo bruto. Tais empresas importam petróleo para produzir produtos refinados como diesel e gasolina.
"As empresas de petróleo não veem problemas em pagar mais pelo etanol (do que no ano passado), já que elas estão comprando petróleo importado a preços muito mais altos por conta da fraqueza da rupia", disse Deepak Desai, consultor chefe da Ethanol India, uma empresa privada que ajuda a montar unidades de produção de etanol.
As usinas forneceram etanol a cerca de 38 rupias por litro na última licitação, com a gasolina custando 46 rupias por litro.
Um programa bem sucedido de mistura de etanol pode enfraquecer o ciclo indiano de excesso e escassez ao proporcionar uma demanda consistente por cana, disse o presidente da Associação de Comerciantes de Açúcar de Mumbai, Ashok Jain.
Participantes do mercado estimam também que a mistura de etanol na gasolina tem espaço para crescer além dos 5 por cento, observando a mistura compulsória no Brasil, atualmente em 25 por cento.
Por outro lado, um aumento no percentual da mistura para acima de 10 por cento parece ser improvável no curto-prazo, porque demandaria modificações nos motores dos automóveis.
Além disso, há também o fato de que qualquer fortalecimento da rupia pode tornar a mistura menos atraente, uma vez que o petróleo bruto importado ficaria mais barato novamente.
Fonte: Reuters
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