A Biosev, segundo maior grupo sucroalcooleiro do país, controlado pela multinacional francesa Louis Dreyfus Commodities, pretende levantar US$ 500 milhões em uma emissão de bônus no exterior, conforme antecipou na tarde de ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.
A companhia, que no último ciclo faturou R$ 4,2 bilhões, começa nesta semana uma série de encontros com investidores estrangeiros para prospectar o interesse pela operação. Segundo fontes, a intenção da Biosev é emitir a dívida com vencimento em sete anos. A depender da demanda, o prazo pode ser encurtado ou esticado.
A taxa de juros da captação deve ser próxima da alcançada por empresas com rating semelhante, como a da USJ (grupo Usina São João), cujos bonds foram negociados ontem no mercado entre 10,5% e 11% ao ano. Ontem, a agência de classificação de risco Moody's atribuiu à Biosev o rating corporativo Ba3 (três degraus abaixo da classificação de grau de investimento) e o rating B1 (quatro degraus abaixo do rating de grau de investimento) para a proposta de emissão dos bônus.
Com os recursos que vierem a ser captados, a empresa, que tem dívida líquida de R$ 3,67 bilhões (posição 30 de junho de 2013), pretende renegociar débitos já existentes. Ao fim do primeiro semestre, a Biosev informou que, do total de R$ 4,69 bilhões de sua dívida bruta, 26%, ou R$ 1,24 bilhão, estavam no curto prazo - R$ 953 milhões em moeda estrangeira.
Se for bem sucedida na operação, a Biosev terá feito sua terceira captação em um único ano, em operações que, somadas, superam R$ 2,4 bilhões. A primeira ocorreu no primeiro bimestre do ano com emissão privada de ações que resultaram na entrada de R$ 600 milhões ao caixa da companhia. A segunda, realizada em abril, foi a captação de R$ 700 milhões em oferta pública inicial de ações na BM&FBovespa.
O rating atribuído à Biosev pela Moody's levou em consideração, segundo nota da agência de classificação de risco, o impacto negativo do clima nos canaviais da companhia - que deve ter uma moagem de cana 15% menor do que o previsto inicialmente devido a essas intempéries.
Desde o anúncio da quantificação das perdas, em 13 de agosto, os papéis da Biosev recuaram 22,83% na bolsa de valores de São Paulo, a R$ 8,45. O comportamento das ações traz um grande desafio à controladora. Isso porque se essas ações não alcançarem R$ 16,57 até julho de 2014, a Dreyfus terá que recomprar esses papéis. Isto é, os detentores de uma opção de venda lançada pela empresa devem exercer o direito de vender o papel à controladora. Se esse cenário se confirmar, a Dreyfus terá que desembolsar R$ 600 milhões.
Nas últimas duas semanas, outras duas sucroalcooleiras captaram recursos ou anunciaram intenção de fazê-lo. A primeira delas foi a Odebrecht Agroindustrial, que emitiu em 24 de setembro R$ 399,9 milhões em Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCAs), que serviram de lastro para emissão de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) pela Eco Securitizadora, no último dia 27. A Nardini Agroindustrial, que detém uma usina em São Paulo, convocou nesta semana seus acionistas para aprovarem uma operação semelhante, mas de um valor de até R$ 120 milhões
Fonte: Valor
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