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Paraguai vai dobrar capacidade de consumir energia de Itaipu

Diretor-geral da usina garante que Brasil está preparado para reduzir sua parcela na hidrelétrica binacional e que não haverá necessidade de acionar térmicas no país

O Paraguai vai mais do que dobrar sua capacidade de receber energia gerada pela usina Itaipu Binacional, no Paraná. O país passará de 1 mil megawatts (MW) para 2.200 MW. Isso será possível com a entrada em operação, prevista para setembro, de uma nova linha de 500 quilovolts (kV), com 347 quilômetros de extensão, que ligará a usina até a capital Assunção. O diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek, explicou que, apesar de a nova linha ter capacidade para transmitir 1.200 MW de energia, o Paraguai só deverá aumentar, até o fim deste ano, em mais 200 MW o consumo atual de energia recebida de Itaipu. No momento, o país vizinho não tem mercado para consumir todos os 1.200 MW da nova linha de imediato.

Samek destacou que essa nova linha beneficia o Paraguai, que, apesar de estar em um processo de crescimento econômico, enfrenta sérios problemas de falta de energia, com apagões constantes.

Metade da energia gerada em Itaipu é do Brasil e a outra metade é do Paraguai. Mas os paraguaios ficavam só com 9% do total da energia da usina, por falta de linha de transmissão — disse Samek, ressaltando que o restante é vendido ao Brasil.

O diretor-geral de Itaipu disse que os investimentos do novo sistema de transmissão foram de US$ 400 milhões financiados pelo Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem).

Na medida que o consumo do país vizinho venha a crescer, a transmissão de energia será elevada. Atualmente, a demanda do mercado paraguaio de energia elétrica, em horário de pico, gira em torno de 2,5 mil MW.

Paraguai pode crescer 13% este ano

A redução da oferta de energia de Itaipu para o Brasil não afetará o mercado interno, garantiu Samek. Isto porque, segundo o executivo, os tratados feitos entre os dois países determinam que o Paraguai venderia ao Brasil apenas o excedente de energia referente aos 50% a que tem direito.

Segundo o executivo, o mercado brasileiro de energia já se planeja para essa redução, e isso não trará problemas de suprimento no país nem provocará o acionamento de usinas térmicas. A energia do Brasil será suprida pela geração das novas usinas que começam a operar, como a de Santo Antônio, no Rio Madeira, entre outras.

— Já se sabia que, gradualmente, com o crescimento do consumo no Paraguai, haveria menos energia de Itaipu para o Brasil. A previsão é que até 2030 o Paraguai esteja consumindo os 50% de energia de Itaipu que lhe pertence.
De acordo com Samek, as projeções indicam que o Paraguai cresça 13% este ano, com forte participação do setor agrícola. O país já é o quarto maior exportador de grãos do mundo.

O país conta, desde 1970, com uma usina própria, Acaray, com 200 MW, mais metade da capacidade instalada de Itaipu, que é de 14 mil megawatts, e outra metade da capacidade de Yacyretá,na Argentina, com 3.100 MW.

A usina de Itaipu é, atualmente, a maior hidrelétrica do mundo em geração de energia. Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, fornece 17,3% da energia consumida no Brasil e 72,5% do consumo paraguaio.


Fonte: O Globo