A Petrobras está negociando com o governo federal a possibilidade de reajustar os preços de gasolina e óleo diesel este ano. A informação foi dada ontem pelo diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, ao explicar que, sem reajuste, e com o atual patamar do câmbio, a empresa verá seu endividamento líquido crescer até o fim do ano. Isso porque a Petrobras usará os recursos que tem em caixa — R$ 72,8 bilhões (US$ 32,8 bilhões) — aumentando sua dívida líquida. No primeiro semestre do ano, a estatal captou ao todo cerca de US$ 20 bilhões.
— Estamos trabalhando intensamente em busca do alinhamento dos preços (dos combustíveis) ao mercado internacional — disse Barbassa ontem na apresentação dos resultados da companhia no primeiro semestre.
O diretor disse que, sem reajuste e com o câmbio atual, a estatal poderá ultrapassar o limite de 35% entre a dívida líquida e a geração de caixa operacional, que hoje é de 2,5 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). Mesmo ultrapassando os limites do seu endividamento, Barbassa destacou que a companhia terá um aumento de geração de caixa a partir de 2014, com a entrada em operação de diversos sistemas de produção de petróleo. Por isso, Barbassa crê que a Petrobras não perderá sua classificação de grau de investimento:
— As agências de (classificação de) risco estão acompanhando de perto o plano da companhia, considerando o futuro crescimento de exportações. O esforço para reduzir custos e elevar a eficiência tem deixado essas agências bastante confortáveis com a manutenção do nosso rating (grau de investimento). Portanto, um crescimento da alavancagem (endividamento) no segundo semestre não afetará nossa perspectiva do rating da Petrobras.
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O diretor disse que a Petrobras não mudou sua política de dividendos, e a eventual antecipação do pagamento de dividendos no segundo semestre depende da aprovação pela diretoria e do seu Conselho de Administração. Com a mudança contábil adotada pela companhia para proteger da variação do câmbio, a atual distribuição de dividendos terá um aumento de R$ 600 milhões este ano para as ações ordinárias (ONs).
Contabilidade veio para ficar
A mudança contábil teve um impacto positivo de R$ 7,9 bilhões no balanço da companhia no segundo trimestre, que fechou com um lucro líquido de R$ 6,2 bilhões. Barbassa disse que, não fosse essa mudança contábil, a estatal ainda teria tido um lucro, porém menor.
— Considerando o valor do imposto, o impacto no balanço do hedge (proteção) foi de R$ 5 bilhões, ou seja, o resultado ainda seria positivo sem a contabilidade de hedge — disse Barbassa, ao destacar que essa contabilidade usada para se proteger da variação do câmbio vai continuar. — Isso veio para ficar porque traz um benefício muito grande sobre a redução de volatilidade do resultado da companhia, fruto de variações cambiais.
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O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, disse que até o fim do ano a empresa prevê interligar mais 36 novos poços nos sistemas que estão sendo instalados. Eles permitirão uma alta potencial na produção de petróleo de mais 440 mil barris diários de petróleo:
— A produção começa a crescer principalmente a partir do fim do terceiro trimestre, e depois plenamente a partir do quarto trimestre do ano.
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O diretor de Abastecimento, José Cosenza, disse estimar que as importações de gasolina e óleo diesel somem cerca de 200 mil barris diários no segundo semestre, ante 240 mil barris diários no primeiro trimestre. A redução será possível com o aumento do percentual de álcool na gasolina de 20% para 25% já em vigor.
Fonte: O Globo
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