O fim do corte manual da cana-de-açúcar na maior parte do Estado de São Paulo, previsto para o ano que vem, atinge um dos tradicionais fabricantes de ferramentas da região de Ribeirão Preto.
A Saran, de Sertãozinho, que há 112 anos produz podões para o corte da cana, terá de buscar compradores em novos mercados por causa da mecanização em São Paulo.
Um acordo firmado em 2007 entre governo, usinas e grandes plantadores de cana prevê o fim das queimadas para 2014 na maior parte dos canaviais paulistas --em áreas planas onde as máquinas podem entrar. Nas demais, o prazo final é 2017.
Sem o fogo, o uso dos podões perde o sentido, pois os cortadores de cana que empunham a ferramenta na colheita são substituídos por máquinas. Cada colhedora substitui até cem homens.
A presença das máquinas nos canaviais é cada vez maior: na safra de 2006, as 164 usinas e 29 associações de fornecedores de cana que assinaram o acordo agroindustrial para o fim das queimadas declararam possuir 753 colhedoras de cana.
Na safra do último ano, o número de máquinas desse mesmo grupo de usinas e plantadores de cana passou para 2.740 unidades.
O aumento corresponde a um investimento estimado de R$ 2 bilhões só em aquisição de máquinas colhedoras, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
Por e-mail, Alexandre Luiz Saran Santos, um dos diretores da Saran, disse que para 2014 ainda não espera uma queda significativa na fabricação das ferramentas, pois a empresa vai atender regiões brasileiras onde não há previsão do fim do corte manual.
Segundo Santos, até 2012 a produção dos podões para uso na colheita de cana sempre foi crescente. Já para 2013, a previsão é que os números se mantenham.
"A produção dos podões não será encerrada. Continuaremos porque atendemos usinas e outras atividades agrícolas em todo o Brasil."
Menos fogo
De acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em 2007, ano em que o acordo agroambiental foi firmado, apenas 47% da cana era colhida sem o uso do fogo no Estado de São Paulo.
Na safra de 2012, esse número passou para 73%. A expectativa em 2014 é de 90%.
Apesar de os dados apontarem para o fim da presença dos boias-frias no canavial, Santos diz que há situações em que a mão de obra do cortador é indispensável.
Por outro lado, o corte mecanizado otimiza o processo. Com máquinas, por exemplo, as usinas têm mantido a colheita da cana à noite, algo incomum antes. Santos diz que o desafio é preparar os cortadores para esta nova etapa do processo.
Questionado sobre o desuso de outras ferramentas, o diretor nega. "O objetivo da Saran é atender de forma personalizada. O que pode acontecer são alterações de ferramentas de acordo com a necessidade de cada parceiro."
Fonte: Folha de S. Paulo
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