Profissionais canavieiros, pesquisadores e indústria de defensivos buscam maneiras de reduzir o problema
A área de plantio direto no Brasil tem crescido exponencialmente, devido aos benefícios proporcionados por essa modalidade de plantio. A cobertura vegetal que permanece sobre o solo depois da colheita tem como importância beneficiar todo o sistema, protegendo-o e melhorando suas características químicas e físicas. No entanto, essa palha torna-se uma barreira para a aplicação de herbicidas pré-emergentes, pois impede que eles atinjam o alvo.
No caso da cana-de açúcar essa barreira de palha é mais
densa
que em outras culturas, o que facilita ainda mais a proliferação das chamadas plantas invasoras como corda-de-viola, maria-gorda, voadeira, melão-de-são-caetano, mucuna-preta, titirica, mamona e cipó-cabeludo, que provocam perdas significativas. Essas plantas daninhas sempre existiram nos canaviais, mas com a redução da queima da cana – que elimina grande parte da palha que protege a sementeira – houve uma explosão dessas invasoras nas áreas de cana.
As plantas daninhas avançam com a expansão da colheita mecanizada da cana, seja em áreas tradicionais da cultura, como o interior paulista, ou nas chamadas novas fronteiras, como o Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, e os Estados do Mato Grosso do Sul e Goiás. Como é uma realidade cada vez mais frequente, o jeito é encontrar formas de minimizá-la, por isso, os impactos da palha na colheita da cana crua foi um dos temas debatidos no 12º Herbishow – Seminário sobre controle de Plantas Daninhas na Cana – realizado pelo Grupo IDEA nos dias 22 e 23 de maio em Ribeirão Preto e que reuniu mais de 700 profissionais representando 200 usinas de vários estados brasileiros.
Os problemas com a palha
Dib Nunes, presidente do Grupo IDEA, salientou que embora a colheita mecanizada traga benefícios ao setor ela também impõe desafios no que diz respeito ao manejo e controle de plantas daninhas e outros problemas que começaram a surgir com este tipo de prática. “A palha da cana forma um colchão no solo, bloqueando a ação dos herbicidas”, disse Dib.
As daninhas atrapalham a colheita mecânica, pois se enrolam nas máquinas e seguram grande quantidade de palha de cana, o que compromete o rendimento em cerca 30%. Em sua apresentação no Herbishow, Marcos Kuva, da Herbae Consultoria, observou que as colhedoras ao cortarem a cana, ajudam a espalhar as sementes. Para reduzir essa disseminação é necessário a limpeza frequente das máquinas.
O professor Pedro Jacob Christoffoleti, da Esalq-USP, ressaltou que as invasoras não avançam apenas pelo colchão de palha da cana-de-açúcar. Elas se aproveitam também da luz, que é vital para o processo de fotossíntese da planta – e que a ajuda a amadurecer. Esse aproveitamento se dá pelo crescimento das ervas no pé da cana. Tornam-se trepadeiras que alcançam o topo da planta e interferem na luminosidade. Há previsões que indicam queda de 25% da produtividade da cana por conta do problema.
O pesquisador observou que as invasoras desafiam a indústria de herbicidas. Normalmente, a ação dos defensivos vigora por até 180 dias, depois de injetadas nas áreas com canaviais. Mas as sementes dessas ervas têm o “poder” de ficar dormentes e, assim, germinam em até um ano. Mas, segundo Christoffoleti, os profissionais da área canavieira, a indústria de herbicidas e os pesquisadores buscam saídas para minimizar esses problemas, por meio do desenvolvimento de defensivo capaz de transpor mais eficientemente a barreira de palhas, o manejo adequado da aplicação de herbicidas, com a escolha ideal da ponta de pulverização, bem como o tamanho da gota.
Dib Nunes disse que outra saída é a retirada de parte da palha que pode ser utilizada para a produção de energia e etanol celulósico. A colhedora deixa 12% de palha nos canaviais, 50% desse montante pode ir para a indústria, prática que além de facilitar o maior controle de plantas daninhas, ao reduzir o colchão, gera renda para a empresa.
Fonte: Universo Agro
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