O primeiro leilão de áreas de exploração de petróleo e gás no Brasil em quase cinco anos atraiu forte interesse de empresas brasileiras e estrangeiras e levantou, com a venda de 140 áreas, o valor recorde de R$ 2,8 bilhões.
A estimativa inicial da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para todo o leilão, que incluiu 11 bacias sedimentares e terminou um dia antes do previsto, era de uma arrecadação com bônus de assinatura de R$ 2 bilhões.
O leilão teve como grande vencedora a britânica, disse a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, ressaltando que 30 grupos foram vencedores, sendo 18 estrangeiros e 12 nacionais.
"A BG foi uma grande vencedora. Outro contorno importante é ver OGX e Queiroz Galvão se consolidando como operadoras de águas profundas, e a Petra Energia como uma empresa que vai se consolidando como operadora terrestre, com apetite para gás natural", disse Magda em entrevista após o evento.
A 11ª rodada deverá gerar investimentos da ordem de R$ 7 bilhões, afirmou a diretora-geral da ANP, salientando ainda que o ágio do bônus de assinatura foi de 797%.
Na avaliação do governo e de representantes do setor privado, o intervalo de perto de cinco anos desde a última licitação de áreas de exploração fez com que houvesse uma valorização das áreas ofertadas.
O forte interesse pelas áreas também mostrou que o setor de petróleo do Brasil ainda é atrativo, a despeito do novo marco regulatório, que elevou o controle estatal sobre as reservas na área do pré-sal, que não incluída na 11ª rodada e que terá uma licitação especial em novembro.
"O que está acontecendo neste leilão mostra que há uma demanda reprimida...as empresas realmente querem expandir suas atividades no Brasil", afirmou a jornalistas o presidente petroleira norueguesa Statoil, Thore Kristiansen, logo após participar de lances que proporcionaram à companhia a vitória de seis blocos na disputada bacia do Espírito Santo.
Na mesma linha, o presidente da Shell o Brasil, André Araújo, afirmou que o leilão é "prova de que país está atrativo".
A Shell, uma das maiores companhias globais do setor, ofereceu lances para seis áreas, nas bacias da Foz do Amazonas e Barrerinhas, mas não venceu nenhuma dessas ofertas.
Executivos, investidores e especialistas do setor de petróleo ouvidos durante o leilão também destacaram disputas acirradas principalmente por blocos das bacias da Foz do Amazonas, Parnaíba e Espírito Santo.
O resultado geral da rodada também demonstrou forte apetite tanto de empresas nacionais como estrangeiras, incluindo algumas novatas como a Ouro Preto, bem como a força da OGX, do empresário Eike Batista, apesar da sua difícil situação de caixa.
Pouco antes do final do leilão, a OGX havia feito lances totais no valor de R$ 376 milhões em 13 blocos, sendo dez como operadora e três em parcerias, segundo a assessoria de imprensa da empresa.
"Esta volta dos leilões está sendo excelente, com muito interesse dos investidores, tanto nacionais como estrangeiros", disse o consultor e ex-diretor da ANP Vitor Martins.
O investidor Flávio Barreto, que participa do leilão por meio de empresas como a Cisco Oil & Gas, disse que ficou surpreso com lances na bacia do Parnaíba, que saíram com o preço três vezes acima do esperado.
Segundo ele, as ofertas refletem o apetite do setor por novas áreas de petróleo no Brasil, após um prolongado período sem licitações.
O governo não promovia uma rodada desde 2008, ano em que suspendeu os leilões devido à descoberta do pré-sal e enquanto elaborava um novo marco regulatório para elevar o controle sobre essa riqueza.
"A espera deu às áreas a devida valorização", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a jornalistas, mais cedo.
"Nunca vimos nada parecido", acrescentou o secretário de Petróleo do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, em entrevista à Reuters.
Empresas brasileiras como a Petrobras (PETR4), OGX (OGXP3), Petra Energia e Ouro Preto, e as estrangeiras Total, BP, BHP Billiton, Galp e BG apareceram como vencedoras das disputas por blocos nas bacias do Parnaíba, Foz do Amazonas e Barreirinhas.
Participaram do leilão promovido pela ANP mais de 60 companhias, disputando direitos sobre 289 áreas de exploração e produção em terra e no mar.
Os 155,8 mil quilômetros que foram ofertados na 11ª rodada tinham potencial para elevar em até 55% toda a área exploratória de petróleo e gás do país, que vem recuando nos últimos anos como consequência da suspensão dos leilões no período.
O total arrematado foi equivalente a dois terços da área total ofertada. Os 149 lotes não arrematados poderão ser relicitados no futuro, disse a diretora-geral da ANP.
Lances de destaque
O maior lance de todo o leilão foi feito pelo consórcio formado pela francesa Total, a britânica BP e a Petrobras, pelo bloco FZA-M-57, na Foz do Amazonas, no valor de R$ 345,9 milhões.
A estatal Petrobras, que sempre entrou com força em leilões de áreas de petróleo, desacelerou seu apetite por operação de blocos marítimos na 11ª rodada, em meio a um orçamento já comprometido por um robusto portfólio de campos do pré-sal e com a perspectiva de se tornar operadora única de áreas que serão ofertadas no leilão de partilha ainda neste ano.
Chamou a atenção a grande disputa pelos blocos localizados na bacia do Foz do Amazonas, situada em região conhecida como margem equatorial. A semelhança geológica da região com a costa oeste africana --importante área petrolífera-- fez dela uma das mais valorizadas do leilão.
Somente com oito blocos na Foz do Amazonas, a ANP arrecadou em lances mais de R$ 750 milhões.
Atualmente, a atividade de petróleo da bacia se resume a apenas dois blocos, ainda em fase de exploração, operados pela Petrobras. Não há área em etapa de produção.
Parnaíba
A disputa acirrada ficou evidenciada também pela bacia do Parnaíba, onde todos os blocos foram arrematados, uma situação rara em leilões da ANP.
Descobertas de elevado potencial já foram realizadas na bacia do Parnaíba, que tem área aproximada de 680 mil quilômetros quadrados e está distribuída entre os Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Ceará e Bahia. Desde janeiro de 2012, a ANP recebeu oito notificações de descobertas na bacia.
A OGX, empresa de Eike Batista, já produz gás a partir do campo Gavião Real na região, e a extração tem apresentado bons resultados. Petrobras e BP também são operadoras na bacia.
Na bacia de Barreirinhas, a principal vencedora foi a britânica BG, sozinha ou em consórcio. A OGX arrematou um bloco em águas profundas e outro em águas rasas nesta bacia. Pelo último, a petrolífera de Eike deu lance de R$ 80 milhões, mais de 130 vezes o valor mínimo de R$ 588 mil estipulado pelo governo.
Espírito Santo
Os elevados lances pela bacia do Espírito Santo, com dois deles superando o patamar de R$ 100 milhões, feitos pela Petrobras em parceria com a Statoil, e em outro bloco pela estatal brasileira com a Statoil e a Total, também surpreenderam.
Petrobras, Perenco e Repsol já operam na bacia marítima do Espírito Santo, inclusive com produção de petróleo e gás natural.
Ceará
A OGX apostou bastante na bacia do Ceará, levando blocos sozinha e em parceria.
A companhia de petróleo do grupo de Eike Batista arrematou o bloco CE-M-663 na bacia do Ceará por R$ 70 milhões. Em consórcio com a Exxon Mobil, a empresa arrematou o bloco CE-M-603 por R$ 45,8 milhões, e em conjunto com a Queiroz Galvão e a Total, a OGX venceu a disputa pelo bloco CE-M-661 por R$ 40,4 milhões.
Fonte: Reuters
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