Unica afirma que demanda tem mais influência no preço do que a produção.
Economista alega que combustível precisa de menos impostos nas bombas.
O início da safra da cana-de-açúcar, aberta na região de Ribeirão Preto (SP) entre meados de março e abril, já começa a refletir no preço do etanol para o consumidor. No caso de Ribeirão, o valor nas bombas - que chegou a R$ 2,199 o litro em fevereiro - pode ser encontrado nos postos bandeirados por R$ 1,999.
A redução do preço, no entanto, deve parar por aí. Isso porque, apesar de o setor esperar uma safra 11% maior que no ano passado - levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que a produção 2013/14 deve alcançar 653,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar -, os investimentos na produção estão baixos.
O representante da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, explica que a queda no preço do etanol não depende unicamente da safra ou entressafra da cana. "A questão do preço está relacionada a uma oferta muito reduzida do etanol diante de um consumo potencial elevado do produto. Não depende somente da safra, e sim do consumo e da oferta possível", explica.
Prado afirma que, desde 2008, a insdútria canavieira vem enfrentando problemas com o recuo nos investimentos de ampliação da produção. "O custo das empresas vem se elevando ao longo do tempo. Houve uma crise de crédito, o que fez com que muitas empresas deixassem de processar a cana. Esse é outro complicador no fornecimento de etanol", diz.
'Boom' do flex
De acordo com Prado, a frota de carros flex, que vem se ampliando ano a ano, tem criado um descompasso na oferta do etanol. Prova disso é a proporção de carros leves abastecidos pelo etanol.
Quando o combustível ultrapassou a demanda da gasolina, cerca de 50% dos veículos utilizavam o etanol. No final do ano passado, quando houve o balanço da safra da cana-de-açúcar, os indicadores apontavam 30% da frota de carros leves abastecidos pelo combustível. "É justamente o reflexo da oferta menos elevada. São mais carros flex circulando para uma oferta travada do combustível", diz.
Distribuidoras
O Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) atribui às usinas a determinação do que virá a ser o preço do etanol nas bombas. "Os valores praticados pelos produtores sempre serão determinantes. Havendo queda do preço na produção, é natural que ocorra queda nos preços finais", afirma Alisio Vaz, presidente do Sindicom.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) também atribui o ônus do etanol às fases iniciais da cadeia de produção. "O preço é estabelecido pelas usinas e pelas distribuidoras. É a partir deles que determinamos o preço no varejo", afirma o presidente do sindicato em Ribeirão Preto, Osvaldo Manaia.
Na última semana, segundo Manaia, o valor do etanol estipulado pelas distribuidoras era de R$ 1,70 o litro. "Em março, o preço estava saindo muito alto nas bombas e as distribuidoras não conseguiam vender. O que estamos vendo agora é um abate de preços", afirma.
Preço x crise
Diante do cenário exposto pelos personagens principais dessa história, a situação mais esperada é que o preço do etanol mantenha-se nas bombas. Essa é a afirmação do economista Marcos Fava, que também é docente da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP).
Segundo Fava, a grande demanda de carros flex a serem abastecidos pelo etanol também dificulta a queda dos valores. "O mercado precisa de um preço que estimule o crescimento da produção de etanol. Se houver queda de preço nesta safra, a indústria não terá retorno para investimento algum. Ver o litro barato nas bombas pode destruir o setor", explica.
Fava afirma, porém, que o Governo Federal deveria diminuir os tributos do etanol para que o combustível possa se sustentar no mercado. "O imposto que incide sob o etanol deveria ser menor, uma vez que se trata de um produto renovável e menos poluente. Mas, pela minha análise, o preço e os impostos devem cair somente daqui a dois ou três anos"
Fonte: Portal G1
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