No passado, essas usinas foram multadas por degradação. Hoje, elas recuperam as áreas e garantem a preservação das nascentes.
Nunca se plantou tanta cana no Brasil. Nos últimos 11 anos, a área dos canaviais dobrou e mais da metade dos 9,6 milhões de hectares estão no estado de São Paulo.
Neste mar de cana, a água é essencial e, para cuidar dela, é preciso multiplicar o verde, proteger nascentes e matas ciliares.
Um exemplo vem do município de Orindiúva, no noroeste de São Paulo. A fazenda Moema produz álcool e açúcar.
Na década de 90, a usina levou nove multas por plantar cana em áreas de preservação permanente. Uma das faixas irregulares ficava na margem do Rio Grande, que divide São Paulo e Minas Gerais. Treze anos depois, o local se tornou uma área recuperada.
Para atender as exigências da lei e melhorar a própria imagem, a usina pôs em prática um projeto de readequação ambiental em convênio com a USP de Piracicaba. Um pequeno viveiro de mudas foi montado no estacionamento e os funcionários coletavam sementes na própria fazenda.
De lá pra cá, muita coisa mudou: o viveiro cresceu, ganhou estufas, tecnologia e as sementes se multiplicaram. Um milhão e seiscentas mil mudas foram plantadas e viraram árvores em mil hectares que, agora, estão oficialmente recuperados.
Outro exemplo, mais recente, é o da usina Batatais, no nordeste de São Paulo. Há sete anos, a empresa começou o reflorestamento em áreas próprias, mas logo descobriu que a força deste trabalho estava nas fazendas parceiras, que também precisavam se adequar.
Hoje a usina faz e paga tudo, desde o preparo até a manutenção das mudas. Um viveiro já produz 150 mil mudas por ano e mesmo assim não consegue dar conta da demanda porque o interesse das fazendas parceiras foi imediato e maior do que esperavam.
Uma floresta virou vizinha constante da produtividade com reserva legal, mata ciliar e preservação das nascentes, tudo em conformidade com as exigências da lei.
"Uma propriedade só tem valor se tiver uma boa água e a forma de garantir isso é com a recuperação da mata ciliar ou com a regularização ambiental dela", explica o agrônomo Ricardo Rodrigues
Fonte: Globo Rural
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