Três anos depois de gastar US$1,3 bilhão para expandir seus negócios de açúcar no Brasil, a Bunge Ltd. ainda não pode afirmar que já viu as doces recompensas do investimento.
A empresa nova-iorquina, um dos maiores negociadores de grãos do mundo, promete que seu negócio de açúcar e biocombustível vai finalmente rivalizar, em tamanho, suas operações de grãos. Mas até agora a Bunge, cuja receita chegou a US$ 60 bilhões no ano passado, não conseguiu produzir cana-de-açúcar suficiente para suas usinas operarem de forma eficiente e tem sido golpeada pela debilidade do setor sucroalcooleiro do Brasil.
Construir um negócio de açúcar bem-sucedido será um dos principais desafios do novo diretor-presidente da Bunge, Soren Schroder, que vai assumiro comando em junho.
A incursão da Bunge no setor açucareiro, uma aposta liderada pelo atual diretor-presidente, Alberto Weisser, poderia vir a ser um dos poucos erros do seu mandato de 14 anos.
"O sentimento é que não há valor neste negócio", diz Ari Gendason, diretor de gestão para Arlon Group LLC, uma empresa de Nova York que investe em commodities agrícolas e possui ações da Bunge. "Será que eles podem conquistá-lo?"
Para dar impulso ao negócio, a Bunge está adotando técnicas agrícolas melhoradas para produzir mais cana para suas usinas.
Também está buscando novas fontes de receita para suas operações de açúcar, que produz principalmente adoçantes e etanol.
A incursão da Bunge na agricultura canavieira marca um grande passo em um terreno desconhecido para uma empresa que tradicionalmente operava como um intermediário, comprando grãos e outros produtos de agricultores, em vez de ter produção própria.
Mas a cana tem vida útil mais curta do que o milho ou a soja, então os processadores de açúcar normalmente têm suas próprias áreas de plantio para garantir um fornecimento estável.
"Há uma curva de aprendizado profunda para nós como empresa", disse Ben Pearcy, diretor de açúcar e biocombustível da Bunge, ao The Wall Street Journal. "Mas nós sabemos o que estamos fazendo."
O principal obstáculo da Bunge até agora tem sido sua incapacidade de cultivar cana-de-açúcar suficiente para abastecer suas usinas, em parte devido ao clima quente e seco no país nos últimos anos. Mas este ano as condições climáticas têm sido mais favoráveis.
Ainda faltam várias semanas para a colheita da safra, mas a previsão atual de produção é "muito positiva" e a Bunge está pronta para utilizar sua capacidade total de moagem de cana pela primeira vez, disse Pearcy.
A Bunge passou a negociar açúcar em 2006 e comprou sua primeira usina brasileira de cana em 2007. Ela dobrou a aposta no negócio em 2010, com a compra de mais cinco usinas no Brasil, assumindo com elas o controle de milhares de hectares de canaviais.
Ela produz cerca de 75% de sua própria cana-de-açúcar e compra o restante de outras fontes.
Desde a forte seca que assolou o Brasil em 2010, os negócios de açúcar da Bunge têm se esforçado para decolar. O segmento de açúcar e biocombustível teve um prejuízo operacional de US$ 49 milhões no quarto trimestre de 2012 e teve de fazer uma baixa contábil de US$ 327 milhões em seus ativos. O fraco desempenho da divisão contribuiu para grande um prejuízo para a empresa no quarto trimestre.
Outros processadores de açúcar também enfrentam ventos contrários no Brasil. O negócio de açúcar da Louis Dreyfus Commodities Ltd., a Biosev, teve prejuízo de US$ 78 milhões no primeiro semestre do ano passado.
A Bunge elevou sua produção para 17 milhões de toneladas de cana em 2012, ante 13 milhões em 2011, mas ainda está aquém de sua capacidade de processamento, de 21 milhões de toneladas.
"Em um negócio de custo fixo, isso destrói sua contabilidade", disse Pearcy.
A empresa afirma que o negócio seria um contribuinte "significativo" para os lucros já em 2010, mas agora espera que finalmente saia do prejuízo este ano.
A Bunge está tentando melhorar a produção, disse Pearcy, e fez parceria com a Deere & Co., maior vendedor mundial de máquinas agrícolas, para aplicar práticas baseadas na coleta de dados agrícolas em suas plantações. Ela também investiu US$ 15 milhões para criar novos sistemas de irrigação utilizando águas residuais provenientes de suas plantas de etanol.
Além disso, a Bunge está tentando encontrar novas fontes de receita das usinas. Ela vai adicionar instalações de cogeração, para produzir eletricidade a partir das operações de suas usinas, no próximo ano. .
Fonte: Valor
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