A cultura de cana-de-açúcar na região do Alto Taquari, Mato Grosso, está preocupando produtores de soja. Os motivos são vários, mas o principal deles é a elevação dos valores de arrendamento da terra. Na região, as usinas de cana pagam entre 20 a 25 sacos de soja por hectare (cerca de R$ 1500/hectare, com referência aos preços do dia 7 de fevereiro). Fica inviável concorrer com isto. Quem tem terras vai arrendar para quem paga mais e a cana sempre paga mais", diz o produtor rural Tiago Hinnah, da Fazenda ABC. "Tive que diminuir minha área de soja e de milho safrinha porque entreguei arrendamentos", lamenta.
Hinnah plantou nesta safra 3,1 mil hectares com soja e pretende ocupar 1,7 mil com milho safrinha. "Por conta destas áreas que estão indo para cana, posso dizer que os produtores de soja aqui na região estão enfrentando a pior situação dos últimos seis anos. Isso sem falar no excesso de chuvas do mês de janeiro", diz ele.
Jurandir Vilela Pereira, vizinho de Hinnah, não quer nem ouvir falar em cana. "Veio para cá e destruiu tudo. Nós, produtores de grãos, não temos como concorrer", conta. "E olha, a cada ano, eles (usinas) vem aqui e dizem que vão plantar mais cana. Dá até medo". Segundo Pereira, as usinas concentradas na região - todas ETH Bioenergia, do Grupo Odebrecht - vão implantar cerca de 55 mil hectares com a gramínea. "E eu acho que não vai demorar muito para eles fecharem este número. Produtor de soja e milho aqui vai virar coisa rara", diz. Assim como Hinnah, Pereira também já diminuiu a área plantada com grãos porque não renovou contratos de arrendamento na região. "Não preciso nem dizer o que aconteceu, né?".
Fonte: Globo Rural
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