O setor sucroalcooleiro se diz preparado para atender a demanda que surgirá do aumento da mistura de etanol na gasolina, mas representantes voltaram a cobrar uma política energética para o País. "É um setor de riscos e, por isso, precisamos de políticas claras", diz Luiz Carlos Corrêa Carvalho, diretor da Canaplan, empresa de consultoria e projetos para o setor sucroalcooleiro e que também preside a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Ontem, reportagem da Agência Estado mostrou que estão prontos todos os estudos técnicos e até a portaria que eleva a mistura de anidro na gasolina de 20% para 25% e que só falta o aval da presidente Dilma Rousseff.
"Não temos de ficar esperando a sanção presidencial", disse Carvalho. Celso Junqueira Franco, presidente da União dos Produtores de Bioenergia (UDOP), faz coro: "Temos de definir uma matriz energética rapidamente." Para ele, a alteração nos porcentuais de mistura do combustível renovável à gasolina, ora com aumento ora com redução, é prejudicial ao setor. O diretor da Datagro, Guilherme Nastari, concorda: "As regras mudam o tempo todo, e investidores e empresários estão sem saber o que fazer."
Para Franco, os ajustes de consumo de etanol precisam ser feitos apenas sobre o hidratado (vendido diretamente na bomba nos postos de combustíveis) e não sobre o anidro, cuja quantidade misturada na gasolina deveria ser fixa. "Hoje, não é viável produzir etanol hidratado; precisamos que o governo recupere sua competitividade." Essa competitividade depende da elevação do preço da gasolina, afirma Nastari. Segundo ele, uma alta de pelo menos 13% já traria resultados positivos para o etanol. Mas reconhece que o governo teme o possível impacto do aumento da gasolina na inflação.
A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) enfatiza que o setor está preparado para suprir o aumento da demanda por anidro por ocasião da elevação da mistura. "Não haverá qualquer problema para fornecer o anidro, pois o governo só considerou a hipótese de voltar aos 25% de mistura após perguntar à Unica se o setor teria produção suficiente para atender a essa demanda", disse, em nota. A Unica afirma ter notificado o governo sobre isso ainda no ano passado, para que produtores planejassem a "próxima safra já pensando em 25% de anidro, o que implica em mudanças na ´calibragem´ das usinas (produzir mais anidro e um pouco menos de hidratado)".
A entidade, contudo, diz que "o aumento da mistura não era uma reivindicação do setor". "Voltou às discussões por iniciativa da Petrobras, especificamente da presidente da empresa, Graça Foster."
Fonte: Agência Estado
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