Precipitação teria de ser o dobro do normal, afirmam meteorologistas. Hidrólogo diz que pancada rápida é inútil e que é preciso chuva de longa duração na cabeceira dos rios.
O baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas era previsível e não deve ser resolvido neste período úmido, mesmo que as chuvas fiquem na média histórica até o fim de março.
"Para compensar a chuva que não caiu antes, é necessário agora chover quase o dobro do normal", afirma Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo.
Para janeiro, a consultoria prevê que as chuvas cheguem a, no máximo, 350 milímetros no Sudeste -onde estão localizados os principais reservatórios-, ante a média histórica de 200 milímetros a 400 milímetros para o mês.
No melhor cenário previsto pela Climatempo, choverá 650 milímetros entre janeiro e março. Para que os reservatórios voltem a uma situação confortável, no entanto, são necessários mais 1.000 milímetros, estima Nascimento.
"Não vai ser um janeiro tão ruim. O problema é que as chuvas não serão suficientes para compensar dezembro e o ano atípico que foi 2012."
Opinião semelhante tem Marco Antônio dos Santos, meteorologista da Somar Meteorologia. "Para compensar os meses anteriores, deveria chover 40 dias seguidos."
As chuvas estão abaixo da normalidade desde fevereiro de 2012. De lá para cá, só em maio e em junho choveu dentro ou acima do normal.
PREOCUPAÇÃO
Segundo meteorologistas, a situação dos reservatórios começou a preocupar em setembro, mas havia a aposta de que o período úmido, de novembro a março, recuperaria os meses anteriores.
As chuvas no fim do ano, no entanto, também ficaram abaixo do esperado. Em dezembro, choveu de 100 a 200 milímetros no Sudeste, dependendo da região, abaixo da média histórica de 200 a 300 milímetros para o mês.
Como o nível dos reservatórios já estava abaixo do desejado, a falta de chuvas agravou a situação.
Além disso, as altas temperaturas da primavera e do início do verão tornaram a situação mais preocupante, pois aceleraram a evaporação da água, baixando mais o nível dos reservatórios, e aumentaram a demanda de energia.
POR QUE NÃO CHOVE?
O resfriamento das águas do Pacífico, a partir de julho de 2012, impediu que frentes frias chegassem à região central do Brasil, diz Santos. "A umidade vem da Amazônia. Mas a frente fria organiza a umidade para a formação de chuvas generalizadas."
Para o especialista em hidrologia Antonio Carlos Zuffo, professor da Unicamp, a atividade solar intensa, que em dezembro atingiu o pico em 11 anos, formou massas de ar quente que impediram a chegada das frentes frias.
Sem elas, as precipitações se limitaram a pancadas de chuva rápidas e isoladas nos últimos meses, o que não é suficiente para abastecer os reservatórios das usinas.
Para enchê-los, são necessárias "chuvas frontais". Ocasionadas pela chegada de frentes frias ou quentes, elas são de longa duração e de baixa a média intensidade.
E precisam cair sobre a cabeceira dos rios e afluentes que abastecem os principais reservatórios. Os mais relevantes estão entre MG e GO.
Portanto, as chuvas que nos últimos dias caíram nos grandes centros urbanos, como São Paulo, não refrescam a situação dos reservatórios.
Fonte: Folha de S.Paulo
16 3626-0029 / 98185-4639 / contato@assovale.com.br
Criação de sites GS3